segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tupy investe R$ 51 milhões para ampliar produção em 25%

Em menos de dois anos, fundição supera crise e planeja expansão da unidade fabril em Joinville


Área em ampliação da Fundição C, que terá 24 mil metros quadrados
A Tupy de hoje não se parece em nada com a Tupy de dois anos atrás. Em 2009, houve corte total de investimentos e redução da jornada e dos salários dos trabalhadores. Hoje, a empresa comemora o resultado positivo de 2010, com lucro de R$ 154,4 milhões, e já encaminha investimentos que devem chegar a R$ 264 milhões neste ano e elevarão a produção de blocos e cabeçotes (principal produtos da Tupy hoje) dos atuais 285 mil toneladas ao ano (cerca de 3,4 milhões de peças) para 365 mil toneladas a partir de janeiro de 2012 (cerca de 4,2 milhões de peças).

A partir de janeiro de 2013, a Tupy, considerada a quinta maior fundição do mundo, ficará ainda maior, elevando sua produção de blocos e cabeçotes para cerca de 405 mil toneladas por ano (cerca de 4,7 milhões de peças). Só em blocos e cabeçotes, o incremento deve chegar a quase 50%. Já a capacidade de tudo que a Tupy produz passa de 500 mil toneladas ao ano para 625 mil toneladas (25% maior).


Só a reconstrução, ampliação e modernização da Fundição C (blocos e cabeçotes), vão custar R$ 51 milhões, com conclusão prevista para dezembro, elevando a produção em 70 mil toneladas. Inaugurado em 1963, o prédio de 15 mil metros quadrados que abrigava a unidade foi praticamente todo demolido, para dar lugar a uma fábrica mais moderna e tecnológica, de 24 mil metros quadrados. "Essa será uma fundição muito visitada e servirá de exemplo para muitas", prevê o vice-presidente de Operações e Engenharia, Luís Carlos Guedes.

Os equipamentos que funcionarão no novo espaço foram importados em 2008, da Itália, Espanha e Alemanha, mas devido à crise de 2009 e com a contenção dos investimentos, a construção do prédio não saiu do papel naquele ano.

Mas de acordo com a diretoria da empresa, nenhum fruto estaria sendo colhido hoje, se não fossem os sacrifícios de 2009. Descontadas as receitas extraordinárias do ano, que foram entradas de alienações de ativos florestais e créditos fiscais, o lucro da Tupy não chegou aos R$ 30 milhões. "Se tivéssemos optado por cortar pessoal, não teríamos tempo de recontratar novamente para atender à demanda que surgiu neste ano. Uma equipe como a que temos é difícil de formar, fácil de perder e muito mais difícil de refazer", destaca Guedes.

Nesse sentido, a Tupy não fez cortes de pessoal. Apenas liberou quem não concordou com a redução da jornada e salário.

Visão de longo prazo recompensada
Prever a retomada da economia mundial e superaquecimento da brasileira foram primordiais para o sucesso da Tupy no ano passado. Se a empresa tivesse projetado uma crise mais forte e dispensado a mão de obra qualificada, talvez o resultado não fosse o mesmo.

A compreensão dos funcionários num período de crise também foi importante e reconhecido pela empresa. Com a ajuda da redução de 15% sobre a parcela excedente a R$ 650 do salário dos trabalhadores por três meses, a Tupy conseguiu fechar 2009 no azul. "Como forma de reconhecimento pelo esforço dos trabalhadores, houve distribuição de um salário de participação nos lucros a todos os funcionários", lembra o vice-presidente de operações e engenharia, Luís Carlos Guedes. Sobre os resultados de 2010, a distribuição de lucros rendeu pouco mais de dois salários aos trabalhadores.

Em 2009, a crise na empresa levou o sindicato a pedir até intervenção do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), um dos principais acionistas. O impasse só se resolveu depois que 84,2% dos funcionários aprovaram a redução salarial e de jornada. Antes disso, a empresa já havia concedido férias coletivas.

A aposta da empresa deu resultados no ano passado. As vendas no mercado externo cresceram 74% em relação a 2009 e já correspondem a quase metade (46%) de tudo que a Tupy produz. "Esse crescimento se explica porque retomamos as vendas no mercado americano e europeu", ressalta Guedes.
O mercado brasileiro também ajudou, com crescimento de 35% em relação ao ano da crise. "Isso se deve principalmente ao crescimento das vendas para os segmentos de caminhões, ônibus e máquinas agrícolas", explica.

"Importante foi a manutenção dos empregos"
Apesar de continuar achando que foi desnecessária a redução da jornada e dos salários, o Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Metalúrgicas e de Material Elétrico de Joinville destaca que o mais importante do acordo firmado em 2009 foi a manutenção dos empregos.

"Foi uma decisão dos trabalhadores, vontade deles, mas os resultados de 2009 e 2010 provam que a redução foi desnecessária. Tanto é verdade, que poucos dias depois da aprovação da redução, a Tupy queria encerrar a redução. Mas não podemos esquecer que os empregos foram mantidos e isso já foi muito importante", recorda o presidente do sindicato, Genivaldo Marcos Ferreira.

A redução dos salários e jornada ocorreu entre julho e setembro de 2009. Antes da crise, a Tupy chegou a ter 8.137 funcionários. O corte (demissões voluntárias) durante o ano chegou a 9,6%, percentual que fica abaixo da média de rotatividade da empresa, que gira em torno de 10%, de acordo com o sindicato.

A recuperação foi tão boa que a Tupy já tem 4,1% mais funcionários que antes da crise. "Todo esse pessoal é necessário para atender à demanda e muitos que pediram para sair na crise agora estão voltando", revela Guedes.

A produção da Tupy no período da crise caiu cerca de 40%, com reduções que chegaram a mais de 70% em algumas áreas. "Foi uma situação realmente complicada e exigiu sacrifícios de todos. Hoje, colhemos os frutos daquele esforço coletivo", destaca Guedes.

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