segunda-feira, 11 de abril de 2011

Oposição líbia começa a vender petróleo para pagar a guerra

O petróleo líbio vai voltar ao mercado. Mal as Nações Unidas deram permissão à oposição para iniciar as vendas, um petroleiro entrou no porto de Marsa, controlado pelo Conselho Nacional Líbio, que luta no terreno para derrubar o regime de Muammar Khadafi.

O petroleiro, segundo a Reuters e a BBC, tem registo líbio e capacidade para um milhão de barris. Não tem partida marcada, mas o seu conteúdo deverá destinar-se a Itália, que sempre teve na Líbia o seu grande fornecedor. Ao lado da oposição, os italianos asseguraram a continuidade do fornecimento. Para já, não serão vendas directas. O Qatar, país que também estabeleceu laços oficiais com o CNL, vai mediar o negócio.

A venda de petróleo líbio foi vedada a Muammar Khadafi como parte das sanções levantadas quando começou o conflito armado. E, segundo o comunicado da ONU, o embargo só se aplica ao regime líbio, podendo ser vendido se não o beneficiar.

Antes da guerra eclodir, a Líbia era o terceiro maior produtor africano de crude, com uma média de 1,6 milhões de barris diários (1,3 deles para exportação). A sua ausência nos mercados internacionais provocou a subida do preço do barril para cima dos 100 euros.

Este é um passo considerado crucial pelo Conselho Nacional Líbio, que procurava meios de financiar a guerra. Só os bombardeamentos da NATO contra as posições do coronel têm evitado maiores avanços por parte dos lealistas e equilibrado o conflito. O líder líbio tem do seu lado as forças armadas do país e todo o seu arsenal bélico. E, apesar de a NATO ter anunciado ontem que os seus raides aéreos já destruíram 30 por cento deste armamento, Khadafi ainda conserva vantagem.

Ontem, as notícias da frente de guerra davam conta da tomada de Brega (a leste) pelos lealistas e do recuo das dorças da oposição em direcção a Ajdabiya. Os rebeldes pediram a ajuda da NATO. Porém, a Aliança estava a concentrar a sua intervenção aérea em Misurata (na Líbia oriental), com o objectivo de destruir tanques e armas anti-aéreas do arsenal de Khadafi.

Na frente diplomática, o Governo turco — que está a ouvir ambas as partes na procura de uma solução negociada — fez saber que as “posições são rígidas”. O CNL exige que Khadafi abandone o poder, o principal conselheiro deste, Moussa Ibrahim, diz que isso não acontecerá. “Estamos prontos para negociar [com o Ocidente], eleições, referendo, tudo... mas o processo tem que ser liderado pelo chefe”.

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