sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Empresa de Alencar teve o pior desempenho do governo Lula na Bolsa [Telebrás teve o melhor]

O governo Lula foi bastante positivo para o desempenho das empresas na Bolsa de Valores.

Pesquisa efetuada por Einar Rivero, da consultoria Economatica, considerando 74 ações com volume médio diário superior a R$ 1 milhão e presença em pelo menos 80% dos pregões, mostra que 69 delas apresentam rentabilidade superior a inflação medida pelo IPCA até o mês de novembro. Somente cinco ações perdem para a inflação, e 60 ações tiveram rentabilidade superior a 100%, descontada a inflação.

Ainda segundo o levantamento, no período o Ibovespa teve uma valorização de 496,94%, contra uma inflação de 55,7% pelo IPCA.

Durante o governo Lula, os investimentos em CDI tiveram valorização de 195,92%; o ouro, de 113,37%, e a poupança, de 88,19%.

A Coteminas, empresa do vice-presidente José Alencar, teve o pior desempenho na Bovespa durante os anos do governo Lula entre as empresas de maior liquidez na bolsa.

No período, as ações da companhia recuaram 51,7%, segundo levantamento feito pela consultoria Economatica.

Além de ter tido o pior desempenho, a Coteminas foi a única empresa que viu suas ações se desvalorizarem durante o governo Lula. O segundo pior desempenho foi da Embraer, que teve valorização de apenas 17,9% no período.

A Telebrás foi a empresa que viu suas ações se valorizarem mais neste período: elas subiram 7.531,2%.

A valorização foi bem superior à da segunda colocada, que foi a CCR Rodovias. As ações da companhia tiveram uma alta de 3.546,9% no período.
Já a AES Tietê, que ficou em décimo lugar no ranking, teve uma valorização de 1.777,5% no período, ou seja, mais de três vezes a valorização do Ibovespa.

O levantamento foi feito com as ações com mais de 80% de presença nos pregões; volume financeiro médio diário no período maior que R$ 1 milhão; e ter um negocio pelo menos na última semana.

A Coteminas, empresa do vice-presidente José Alencar, teve o pior desempenho na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) durante os anos do governo Lula entre as empresas de maior liquidez na bolsa.
No período, as ações da companhia recuaram 51,7%, segundo levantamento feito pela consultoria Economatica.

Além de ter tido o pior desempenho, a Coteminas foi a única empresa que viu suas ações se desvalorizarem durante o governo Lula. O segundo pior desempenho foi da Embraer, que teve valorização de apenas 17,9% no período.

O levantamento foi feito base no período de 31 de dezembro de 2002 a 20 de dezembro de 2010.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Argentina ameaça Brasil com novas barreiras

SÃO PAULO E BUENOS AIRES - Às vésperas da reunião de Cúpula do Mercosul, que acontece hoje em Foz do Iguaçu, a Argentina ameaça o Brasil com medidas protecionistas. O país iniciou uma investigação de dumping contra as toalhas brasileiras. Os fabricantes locais acusam as empresas do Brasil de vender abaixo do preço de custo para liquidar os concorrentes.

O assunto azedou o clima dos encontros preparatórios da reunião e foi tratado ontem em Foz do Iguaçu entre o secretário de Comércio Exterior do Brasil, Welber Barral, e o secretário de Comércio Exterior da Argentina, Eduardo Bianchi. "O governo busca um compromisso dos dois lados que evite a aplicação da sobretaxa", disse Barral.

O conflito entre os dois países no setor têxtil não está restrito apenas a toalhas. Há menos de 10 dias, os empresários brasileiros aceitaram uma cota para a exportação de lençóis. Em 2011, o Brasil só poderá embarcar 2.100 toneladas do produto para o vizinho, uma redução de 18% em relação aos 2.557 toneladas vendidas de janeiro a novembro deste ano. O volume é menor que as 2.284 toneladas embarcadas em 2009. A medida afeta as vendas da Teka e da Coteminas. 

A abertura da investigação de dumping contra as toalhas brasileiras, solicitada pelo ministério da Indústria - comandado por Debora Giorgi, autora de diversas medidas protecionistas contra produtos brasileiros - foi publicada na quarta-feira no Diário Oficial da União da Argentina. Os relatórios elaborados pela Comissão Nacional de Comércio Exterior e pela Subsecretaria de Política e Gestão Comercial da Argentina indicam uma margem de dumping de 70,9%.
Os relatórios elaborados pela Comissão Nacional de Comércio Exterior e pela Subsecretaria de Política e Gestão Comercial da Argentina indicam uma margem de dumping de 70,9%. “É uma barreira relevante e um indicativo de os argentinos estão levando o processo a sério”, diz o advogado Roberto Hering Meyer, do escritório Martinelli Advocacia Empresarial.

Se essa sobretaxa for aplicada, pode inviabilizar as exportações para a Argentina de empresas como Teka, Karsten, Buettner ou Buddemeyer. De janeiro a novembro, o Brasil exportou 3.571 toneladas de toalhas para a Argentina, alta 38% em relação a igual período de 2009.

Para os empresários brasileiros, o processo antidumping é um instrumento de pressão da Argentina para convencer o Brasil a aceitar uma cota. Nos últimos meses, representantes do setor privado dos dois países discutiram uma “restrição voluntária” das exportações brasileiras, mas não chegaram a um acordo . “As quantidades propostas pelos argentinos eram inaceitáveis”, disse Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).

O vice-presidente da Teka, Marcello Stewers, conta que a “troca de farpas” já se arrasta há meses. “Estamos procurando outros mercados. Exportar para a Argentina se tornou um grande problema”, disse.

Justificativas. Os empresários argentinos argumentam que, na contra-mão da recuperação econômica do país, a presença da indústria local no mercado de toalhas encolheu 27%. Eles garantem que as fábricas locais estão trabalhando com apenas 57% da capacidade instalada.

Pedro Bergaglio, presidente da Fundação Pro-Tejer, um ativo lobby empresarial do setor têxtil, afirmou que “o prejuízo provocado no setor (pelo Brasil) é absolutamente inadmissível”. O presidente da Câmara Argentina de Produtores de Toalhas, Alberto Sebele, celebrou a abertura das investigações de dumping contra o Brasil. “A medida beneficia a indústria nacional, aumentando e criando postos de trabalho, que é o que nosso país precisa para crescer”.

Na Federação Argentina de Indústrias Têxteis, o vice-presidente da entidade, Arturo Kargozlu, afirmou que os fabricantes argentinos estão sofrendo uma redução de vendas por causa da concorrência brasileira. “Quando a sobretaxa começar a ser aplicada, os produtores nacionais poderão concorrer em igualdade de condições com as importações de toalhas”.

As novas ameaças de Buenos Aires contra os produtos têxteis mostram que a trégua entre Brasil e Argentina durou pouco. As relações bilaterais viviam um bom momento recentemente, com redução dos conflitos. Depois que o governo brasileiro começou a retaliar, a presidente Cristina Kirchner reduziu as barreiras contra produtos brasileiros e o País voltou a ganhar espaço no mercado do vizinho.

Raquel Landim e Ariel Palacios 

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Cremer arruma a casa e vai atrás de concorrentes

Reestruturada, companhia catarinense analisa aquisições. Na lista de interesses estão fabricantes de produtos plásticos. 

Depois de deixar a casa em ordem, neste ano, a estratégia da catarinense Cremer para 2011 é crescer de forma orgânica e por meio de aquisições. "Passo mais da metade do meu tempo analisando empresas que poderiam ser nossas parceiras ou compradas", afirma Alexandre Borges, presidente da companhia especializada na fabricação e venda de itens hospitalares, de higiene pessoal e de primeiros socorros. Na lista de interesses estão concorrentes e parceiros que fabricam produtos complementares ao portfólio da Cremer — que abriga hoje cerca de 2 mil itens.

Segundo Borges, as aquisições são uma forma de balancear a participação de mercado das seis categorias de produtos que a companhia fabrica. "Para se ter uma ideia, enquanto a plataforma têxtil da Cremer responde por 21% do mercado, a de plásticos tem apenas 1%. O ideal é termos uma fatia de 20% de cada área", diz dando pistas de que as fabricantes de agulhas, seringas, sondas e coletores estão na mira.

E o primeiro passo nesse sentido foi dado com a assinatura, em setembro, da parceria com a Embramed. O acordo, firmado em R$ 5 milhões, concede à companhia condições especiais na compra dos materiais por três anos. Depois, a Cremer tem opção de aquisição da fabricante. "Com a parceria, queremos obter os 25% de participação de mercado que eles têm", revela o executivo. "E, se decidirmos comprar a empresa, o valor já foi estabelecido", afirma sem revelar detalhes.

Outra meta da Cremer é o plano de expansão e renovação do parque fabril. Neste ano, foram investidos cerca de R$ 35 milhões nas três fábricas — têxteis, adesivos e plásticos —, o maior aporte dos últimos cinco anos. "Tínhamos equipamentos em operação com mais de 35 anos. Estava mais que na hora de trocá-los."

A fim de garantir recursos para a modernização das unidades no ano que vem, a Cremer já está em contato com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Se aprovado o financiamento, vamos utilizar os recursos para comprar equipa-mentos mais novos", informa o Borges, sem revelar os valores.

Garantidos mesmo são os R$ 72,5 milhões que a Cremer conseguiu com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para investir em processos inovadores. "Criamos uma área de inovação para desenvolver produtos e melhorar os nossos processos fabris."

As ações da Cremer renderam à empresa o Prêmio TMA-PwC-Brasil Econômico de Recuperação de Empresas, entregue durante o II Congresso TMA de Reestruturação e Recuperação de Empresas organizado pela Turnaround Management Association do Brasil, que aconteceu nos dias 29 e 30 de novembro.

Diversificação
O portfólio da Cremer está dividido em seis segmentos. O principal é o hospitalar, que responde por 52% da receita líquida, seguido pelo varejo, responsável por 22%. Com menor participação, estão o segmento odontológico (9%), de adesivos e plásticos (14%) e de produtos para exportação (3%). A empresa tem nove centros de distribuição e atende aproximadamente 50 mil clientes por ano.

No terceiro trimestre, a receita líquida da fabricante atingiu R$ 91,4 milhões e no acumulado do ano chegou a R$ 284 milhões. Já o lucro líquido de julho a setembro foi de R$ 10,4 milhões, que representa unia queda de 6,8%, em relação ao mesmo período do ano anterior. "Tivemos influência negativa do mercado de luvas que está muito ofertado. Os preços caíram de 30% a 40%." 

Menor número de itens garante maior rentabilidade 
Fundada há 75 anos, a empresa saiu das mãos da família Cremer para as da Merrill Lynch e hoje tem vários fundos no controle 

Quando foi fundada 75 anos atrás pelo imigrante alemão Werner Siegfried Cremer — em parceria com um grupo de médicos de Blumenau (SC) —, a Cremer era uma pequena fábrica de produtos têxteis de uso cirúrgico e hospitalar. A companhia foi bem até a década de 1990, quando enfrentou uma crise financeira cujo estopim foi o endividamento feito para a construção da unidade de adesivos. "A dívida foi feita em dólar e, na época, houve uma desvalorização cambial muito forte que forçou a família a sair do controle da empresa", conta Alexandre Borges, atual presidente da Cremer.

Foi aí que o braço de private equity do Merrill Lynch entrou na companhia e definiu uma nova estratégia: vender diretamente para varejistas, hospitais e farmácias. Com isso, a Cremer chegou a ter 5 mil produtos, que incluíam algodão, xampu da marca Seda e coleira de cachorro. A empresa cresceu muito e, em abril de 2007, abriu seu capital. A receita, naquele ano, havia atingido R$ 277,1 milhões ante R$ 169,1 milhões, em 2004. Contudo, a margem Ebitda reduziu, no período, passando de 18,2% para 16,2%.

Em 2009, cinco fundos de investimento somaram fatia superior a 51% das ações ordinárias e conseguiram retirar a cláusula do estatuto conhecida como pílula de veneno, que visa garantir a dispersão do capital da empresa no mercado. Com isso, os fundos assumiram o comando da Cremer. Foi neste momento que Borges entrou, com o objetivo de arrumar a casa. "Tínhamos de repensar a estratégia. Separamos a companhia em unidades de negócios e colocamos holofote nos resultados. Abrimos mão do crescimento puro e fomos atrás de rentabilidade."

A principal mudança foi buscar atender necessidades específicas dos clientes. Um exemplo é a gaze com esparadrapos, que antes tinha de ser preparada pelas enfermeiras. "Um diretor de hospital me disse que 70% do algodão que eles usam serve para dar banho em pacientes. Voltamos com essa informação e passamos a produzir conforme as necessidades."

Outra mudança importante foi a abertura do escritório em São Paulo para atender melhor os clientes. "Montamos uma área de marketing, segmentamos o atendimento e terceirizamos a distribuição nos mercados secundários. Além disso, fechamos turnos, mas estamos produzindo mais."

Hoje, na composição acionária da Cremer, a Tarpon Investimentos é a líder com 31% das ações, seguida pela Hedging-Griffo Corretora de Valores com 10,8%, Poland (10,6%), Aberdeen Asset Management (10,4%), M&G Investment Management (5,3%) e Guepardo Investimentos (5%). O restante está no mercado.

Autor: Natália Flach
Fonte: http://www.brasileconomico.com.br, págs. 30/31 do jornal impresso (13/12/2010)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Em 2011, ações do setor de saúde pegarão carona no forte crescimento econômico

SÃO PAULO - Assim como em 2010, no próximo ano o setor de healthcare deverá seguir pegando carona no forte crescimento econômico do Brasil. Isso porque a trajetória de expansão deste segmento vai muito além de valuations, múltiplos ou qualquer análise financeira, sendo guiada por mudanças sociais e pela penetração da urbanização no território nacional.

Principalmente por conta da ascensão social nos últimos anos, em parte motivada pelas transferências de renda do governo e pelo crescimento econômico brasileiro, a demanda no setor se torna cada vez mais crescente. Somando a esta tendência positiva, o estado precário da saúde pública impossibilita qualquer concorrência estatal neste mercado.

Com tantas projeções positivas para a economia nacional no próximo ano, é praticamente unânime a perspectiva otimista de bancos e corretoras para as empresas do setor de saúde. A última versão do Relatório Focus, do Banco Central, revela que a perspectiva do mercado em relação ao crescimento da economia brasileira em 2010 gira em torno de 7,61%. A taxa é bem alta, visto que em pouco mais de dois anos o mundo se deparava com uma das maiores crises da história, iniciada nos Estados Unidos.

Além disso, de acordo com levantamento realizado pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), o Brasil gerou, entre janeiro de 2003 e setembro de 2010, 14.725.039 postos de trabalho. No período analisado, houve crescimento de 51,34% no nível de emprego, equivalente ao aumento médio anual de 5,5%, correspondendo a um incremento de 1,9 milhão de postos de trabalho ao ano.

Vale lembrar que a maioria das empresas beneficia seus trabalhadores com planos de saúde, explicitando a importância do crescimento do emprego formal na cena interna. 

Ações voam, com crescimento a nível chinês! 
Enquanto o País cresce em ritmo chinês, as ações do setor de saúde acompanham este movimento. Desde janeiro deste ano até o fechamento desta (14), os principais papéis do segmento mostravam fortes ganhos. É o caso da Dasa (DASA3, +56,87%, R$ 22,35), Cremer (CREM3, +42,59%, R$ 17,90), Amil (AMIL3, +30,15%, R$ 17,75), OdontoPrev (ODPV3, +81,27%, R$ 24,00), Fleury (FLRY3, +35,42%, R$ 24,75) e Drogasil (DROG3, +58,17%, R$ 43,80). A Profarma (PFRM3) é a única exceção do setor, com desempenho de -3,21% desde o início do ano.

As performances das ações nem se comparam ao desempenho do Ibovespa em igual período, com ligeira valorização de +0,23%, na casa dos 69 mil pontos. O motivo para isso é simples: os mercados internacionais são afetados pelo clima de cautela quanto à atual situação da crise fiscal europeia e ao possível aperto monetário na China. Por outro lado, o Brasil segue em meio a um cenário macroeconômico favorável, que beneficia as ações ligadas ao forte crescimento doméstico, como as do setor de healthcare. 

Cenário interno positivo, com envelhecimento da população 
Além do crescimento econômico, outro fator que corrobora para as boas perspectivas ao setor de saúde é o envelhecimento da população. Isso porque, a maior parte dos gastos da população entre 65 e 75 anos, cerca de 70%, é com itens relacionados à saúde, conforto e alimentação, segundo pesquisa recente realizada pela QuorumBrasil.

De acordo com o estudo, as despesas com remédios e plano de saúde consomem 26% da renda das pessoas nesta faixa etária. A maior parte (77%) não tem o hábito de poupar, contra 23% que dizem guardar um pouco de dinheiro no final do mês, percentual este que sobe para 34% entre os que praticam atividade física.

"Uma vez que as pessoas vão ficando mais velhas, é natural que elas aumentem seu consumo de medicamentos, tanto em termos de variedades como de quantidades. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população com mais de 65 anos de idade representava 6,6% dos brasileiros em 2008, sendo que, em 2050, esta taxa deverá ser de 22,7%. A expectativa de vida também será maior, já tendo crescido de 67 anos em 1990 para 73 em 2008", disse Marianna Waltz, do BB Investimentos. 

Avanço econômico em 2011 será menor, mas ainda forte 
De acordo com o sócio e gestor da DLM Invista, Luiz Iani, o ano de 2011 não deve mostrar um crescimento econômico tão expressivo quanto neste ano, contudo, as empresas do setor de healthcare continuarão em meio a um cenário positivo.  "É um segmento que deve continuar crescendo em 2011, apesar do avanço econômico menor que em 2010, mas ainda forte", disse.

A crescente inflação no front doméstico segue pressionando o regime de metas do governo, que deverá promover uma elevação da taxa básica de juros já no início de 2011, o que é amplamente esperado pelo mercado. "Esse cenário de juros maiores pressiona um pouco o crescimento do País, por isso o PIB (Produto Interno Bruto) de 2011 deverá ser menor", explicou Iani. Cabe lembrar que, atualmente, a taxa Selic está em 10,75% ao ano.



Cremer e os bons dividendos 
Além da performance muito acima do Ibovespa neste ano, a Cremer conquista os olhos dos analistas por seu histórico de boa pagadora de dividendos, o qual deve continuar pesando positivamente nas projeções para 2011. O analista Luiz Augusto Pacheco, da Omar Camargo, avalia que está muito confiante em relação ao futuro da empresa.

"Nossa primeira recomendação da Cremer foi em janeiro de 2010. Na época, nosso preço justo era de R$ 24,79 e a ação era negociada em torno dos R$ 15,60. Hoje, a ação é negociada em torno de R$ 17,00. Não parece um retorno muito bom, não é? Acontece que não podemos nos esquecer dos dividendos", disse, destacando que a companhia já pagou mais de R$ 3,00 por ação em proventos neste ano, com dividend yield de 19,49%.

De acordo com Pacheco, o fato de a empresa ter reduzido o número de trabalhadores, em decorrência da aquisição de novas máquinas em 2010, não deverá trazer impacto negativo às operações no próximo ano, tão pouco ao mercado de trabalho da região de Blumenau, em Santa Catarina - onde a fábrica da Cremer está localizada -, pois, segundo a Omar Camargo, lá é um local de "emprego em abundância". A perspectiva de Pacheco é que a companhia continue efetuando novos investimentos em equipamentos em 2011, beneficiando ainda mais a Cremer. 

Atenção ao mercado de algodão e luvas 
Por outro lado, a cotação do algodão e o mercado de luvas são dois drivers a serem observados nos próximos 12 meses. Isso porque, o algodão atingiu em 2010 sua máxima em 140 anos, fazendo com que a Cremer tivesse que renegociar preços com clientes para tentar repassar parte da alta dos custos.

Sobre isso, a Omar Camargo acredita que "a situação deverá se normalizar no meio do ano que vem", com expectativa de que a safra brasileira seja 40% maior na comparação anual. Apesar disso, a Cremer já trabalha com um preço médio para 2011 de R$ 2,55 por libra (medida de peso utilizada no mercado de algodão), um patamar bem elevado.

A questão das luvas exige uma atenção ainda maior por parte dos investidores. Acontece que as duas grandes exportadoras globais deste material ficam na Malásia, e uma nova lei aprovada naquele país fez com que um destes fornecedores perdesse uma parcela significativa no mercado brasileiro, obrigando-o a rebaixar os preços para poder reaver parte de seu share, o que trouxe desequilíbrio para o segmento no País.

De acordo com Pacheco, porém, a Lemgruber, que é uma das cinco importadoras de luvas no País e também é parceira da Cremer, está começando a produzir o material aqui mesmo em território nacional, além de estar ventilando a possibilidade de aumentar sua linha de produção para que não precise mais importar. "Caso ela consiga fazer isso de forma eficiente e a preços competitivos, a Cremer poderá se beneficiar muito", disse o analista.

Confiante para 2011, Pacheco destacou que a Cremer continua sendo muito bem gerida e está inserida em um setor praticamente imune a ciclos econômicos. Neste sentido, a Omar Camargo mantém seu preço justo de R$ 24,79 para as ações da Cremer, com recomendação de compra. 

Amil: ainda colhendo frutos da aquisição da Medial 
Em novembro de 2009, a Amil adquiriu a Medial em uma operação que envolveu cerca de R$ 612,5 milhões. Mesmo dois anos depois da compra, a expectativa é que a companhia continue colhendo os frutos positivos desta fusão ao longo de 2011. Isso porque o processo de adequação dos negócios de ambas as empresas ocorreu ao longo de 2010, enquanto que os resultados desse processo começaram a aparecer apenas no 3T10, mas devem se intensificar nos próximos 12 meses.

De acordo com o analista Iago Whately, da Banco Fator Corretora, um dos principais drivers que deve ser observado em relação à fusão das companhias é a perda de clientes da Medial. Whately ressaltou em relatório que a Amil esperava por uma redução da receita neste ano em função do processo de adequação da carteira da Medial. No entanto, isso não ocorreu, pois o reajuste de preços compensou a perda de clientes.

Além disso, o analista destaca que a sinistralidade da Medial teve redução importante no terceiro trimestre deste ano, o que demonstra uma tendência positiva e que deverá continuar ao longo de 2011. "A Amil acredita que vai parar de perder clientes da carteira da Medial. Para aumentar a retenção, a companhia melhorou o atendimento, mudou a marca e lançou campanha para reforçar a imagem da Medial, o que tem gerado em contrapartida maior satisfação dos clientes", avaliou Whately, em relatório.

Em relação aos possíveis novos projetos da Amil no próximo ano, a Banco Fator Corretora disse que a própria Amil entende que uma nova aquisição não se decide em função da disponibilidade de caixa, mas sim de uma boa oportunidade. Segundo Whately, os alvos são empresas que ofereçam sinergias e cujo preço seja até 6 vezes o Lajida (geração operacional de caixa) após sinergias. Somado a isso, a Amil está aberta a estudar parcerias com instituições financeiras, caso faça sentido, segundo a corretora. 

Fleury: novos investimentos 
Para 2011, um dos principais pontos a serem observados pelos investidores serão os investimentos da Fleury. Isso porque, em 2010, a companhia revelou sua necessidade de investir nas unidades do Laboratório Weinmann, adquiridas por ela em meados deste ano. A operação permitiu que a companhia ampliasse sua participação no mix de serviços dos exames de análises clínicas, que tem menor preço médio. "A previsão é que o preço médio supere a inflação no quarto trimestre de 2010 e em 2011, sobretudo em função da maior participação dos serviços de imagem no mix", destacou Iago Whately, da Banco Fator Corretora, em relatório.

Cabe destacar que a Fleury reduziu seu guidance de capex para R$ 269 milhões (de R$ 400 milhões) em 2010 e 2011. Este movimento, segundo a própria Fleury, reflete a reavaliação das necessidades de investimento da companhia e não a eventuais dificuldades ou a expectativa de menor crescimento. Em relatório, o analista da Fator avaliou ainda que a companhia não deverá se utilizar da estratégia do mercado de franquias para crescer em 2011.

Neste sentido, com outras companhias melhor posicionadas para se beneficiarem do cenário positivo ao setor de saúde dentro do mercado brasileiro, a recomendação de Whately segue como não atraente aos papéis da Fleury. 

Crescimento do setor farmacêutico beneficia grandes players, como a Drogasil 
A Drogasil, por sua vez, se mostra inserida em um cenário pouco mais otimista. Segundo Marianna Waltz, do BB Investimentos, o segmento farmacêutico brasileiro tem crescido a uma taxa média composta bastante robusta nos últimos anos, impulsionado pelo forte avanço da economia e dos maiores salários, que ampliam a possibilidade de aquisições pessoais. Além disso, a analista ressalta que esta tendência em curso ainda está longe de "atingir sua maturidade".

"A venda de remédios no varejo também está experimentando uma tendência de consolidação, com clara vantagem aos grandes players do segmento. Eles todos deverão se beneficiar da maior competitividade dentro do setor, o que tem se tornado difícil aos pequenos concorrentes. Somado a isso, ainda há muito espaço para crescer no interior dos estados, onde a competição e as despesas são menores", disse Marianna.

Animada por este cenário, a analista acredita que os fundamentos da Drogasil são muito fortes e isso deve pesar positivamente para a companhia no próximo ano. "Esperamos que a companhia balanceie expansão e lucratividade nos próximos anos. Além disso, também estimamos um crescimento nas vendas de 23% entre 2010 e 2013, com uma margem Ebitda (relação percentual entre receita líquida e geração operacional de caixa) de 6,9% em 2011, com ROIC (retorno sobre capital investido) de 23% no ano que vem", completou Marianna.

O BB Investimentos possui um preço-alvo de R$ 51,00 para as ações da Drogasil ao final de 2011, mas com recomendação de manutenção, visto que a ação da companhia obteve um forte crescimento desde a oferta de ações em 2007, o que limita em partes o potencial de valorização no futuro. 

Aumento da concorrência! 
Embora o cenário para a Drogasil seja bastante positivo para o próximo ano, é preciso se atentar para o aumento da concorrência no segmento farmacêutico. Outros grandes competidores já estão se movimentando para não ficarem para trás na disputa por market share com a empresa, inclusive se captalizando através de ofertas de ações.

A Droga Raia apresentou no final de novembro os termos de seu IPO (Initial Public Offering), com a oferta primária e secundária de ações ordinárias, processo iniciado quando a companhia entrou com pedido de distribuição dos papéis junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), em 26 de outubro. As ações da Droga Raia serão negociadas no Novo Mercado da BM&F Bovespa sob o código RAIA3.

A operação será realizada no Brasil, contando com esforços de colocação no exterior exclusivamente para investidores não-institucionais. Serão colocadas no mercado inicialmente 23,720 milhões de ações, sendo 20,930 mihões em oferta primária e 2,790 milhões em oferta secundária. 

Dasa deve se beneficiar da incorporação da MD1
Recentemente, a Dasa esclareceu ao mercado os principais pontos levantados na divulgação da incorporação das ações da MD1 Diagnósticos em setembro deste ano. Os frutos desta operação deverão ser os principais catalisadores para o desempenho da companhia em 2011, sendo que a receptividade tanto dos analistas quanto dos investidores foi positiva.

Segundo análise de Iago Whately, da Banco Fator Corretora, as definições mais aprofundadas pelo comunicado são positivas, uma vez que consegue contornar as dificuldades relacionadas às negociações com os acionistas da MD1. O analista destacou em relatório que a possibilidade da Dasa fazer uso de ativos de acionistas da MD1, como equipamentos, em hospitais da Amil, deverá ampliar a oferta de serviços para usuários da empresa, o que pode estimular a reação de concorrentes, dado que caracteriza associação entre as companhias.

Whately lembrou ainda dos riscos que envolvem as operações de benefícios fiscais do ágio, principalmente após a autuação da BM&FBovespa (BVMF3) pela Receita Federal, em decorrência de discordâncias na forma do cálculo do valor da amortização fiscal do ágio. "Por ora, continuamos com a recomendação atraente para as ações da Dasa", disse. 

OdontoPrev e o acordo com o BB 
O acordo firmado entre a OdontoPrev e o Banco do Brasil (BBAS3) deve continuar em foco em 2011. Isso porque, quando anunciado, foi recebido negativamente pelo mercado. Porém, depois de esclarecida, a operação passou a ganhar um viés positivo entre os analistas, que agora passam a considerá-la em um cenário de longo prazo.

Juliana Rozenbaum e Marcio Osako, do Itaú, se surpreenderam com o fato de que a joint venture acrescentará apenas 260 mil novos planos à OdontoPrev, enquanto o projeto inicial apontava para 400 mil. “A diferença de filiação de 140.000 membros deve-se ao fato de que a OdontoPrev já presta serviços à parte da base de funcionários do BB através das associações profissionais, nas quais as pessoas entram a fim de obter um plano em grupo”, disseram.

Já o analista Gustavo Pires Oliveira, do UBS, apesar de se dizer decepcionado com o número de membros que serão adicionados à parceria, afirmou que a notícia é positiva no geral, uma vez que demonstra o comprometimento das empresas com o plano original. Deste modo, a expectativa do BB Dental atingir a marca de um milhão de clientes em 2011 não deverá ser concretizada, uma vez que a companhia não deverá ser formada neste ano, ressaltou Gustavo. “Enquanto isso pode ser negativo no curto prazo, nós acreditamos que os termos da incorporação e o potencial de longo prazo são mais importantes para agregar valor”, destacou. 

Resultados da Profarma devem pesar em 2011
 Única empresa do setor com performance negativa em 2010, a Profarma foi penalizada neste ano por conta dos resultados aquém do esperado, influenciados pelo cenário mais competitivo, que deve perdurar em 2011. 

O analista Iago Whately, da Banco Fator Corretora, observou o resultado da Profarma como "ruim", inferior às expectativas da corretora e inferior, inclusive, às expectativas do mercado. Para Juliana Rozenbaum e Marcio Osako, do Itaú, o resultado do 3T10 apresentado também foi negativo.

Segundo o Banco Fator, o baixo desempenho foi resultado, sobretudo, pela liquidação de débitos fiscais, que atingiram a cifra de R$ 11 milhões. Para a corretora do Itaú, o único ponto positivo foi a redução forte e mais rápida do que o esperado do ciclo de caixa para 48,8 dias, contra 51,5 no mesmo período do ano anterior e 55,3 das estimativas da corretora. Foi o nível mais baixo desde 2006.

Os resultados foram decepcionantes para o Itaú. A recuperação do Ebitda que era esperada não ocorreu - recuou 2% em comparação ao trimestre anterior, acumulando, deste modo, queda de 26% até setembro. De igual modo, a recuperação nas vendas e na margem bruta, também esperada no trimestre, não foi verificada.

Nestas condições, o Banco Fator Corretora acredita que a Profarma continue a enfrentar os desafios de um ambiente competitivo nos próximos anos, o que tem se acentuado com o processo de consolidação do varejo farmacêutico. A recomendação da corretora aos papéis da empresa é de manutenção.

Leia aqui.

Museu Hering

Confira abaixo, o vídeo documental Museu Hering. Nele é apresentado o conceito do novo espaço turístico de Blumenau, bem como a história da Cia Hering, com depoimentos de pessoas que participaram da construção do projeto.