quinta-feira, 31 de março de 2011

No 8 de março, mulheres árabes nas trincheiras

Após décadas de supressão, as mulheres voltaram a comemorar seu Dia Internacional de Luta, superando obstáculos e proclamando sua união na luta de outros setores

Luiz Gustavo Porfirio, de São Paulo (SP)

Detalhe do 8 de março no Cairo


• Apesar da pluralidade do mundo árabe, e conseqüentemente das tendências dos protestos em cada país, há um grande fato novo: houve um 8 de Março no Oriente Médio. Nova em diversos países, ou retomada com força agora, a data de luta internacional das mulheres foi acolhida por inúmeras ativistas no mundo árabe, que saem às ruas para impulsionar as revoluções em curso e fazer reconhecer o papel central delas nas vitórias contra ditadores.

Repressão às mulheres no coração da luta egípcia
Entre as principais reivindicações das mulheres egípcias, cujo papel no movimento iniciado em 25 de janeiro é inegável, estão as punições mais duras contra abuso sexual, uma maior representação parlamentar (hoje são apenas 4; em uma conquista prévia à revolução, uma cota de 64 cadeiras, 12% do total, foi aprovada), e a possibilidade de concorrer à Presidência.

Um dos temas mais urgentes é a ausência de mulheres ou sequer homens com preocupações antimachistas na Comissão de Sábios que se propõe a reformar a Constituição. Este grupo reacionário chegou a propor proibir candidatos a presidentes que não fossem casados com mulheres egípcias – e por extensão, excluir candidatas mulheres.

As mulheres egípcias sofrem com dois problemas candentes: a violência sexual e a mutilação genital. A última vem sendo enfrentada por uma ampla articulação, que inclui organizações muçulmanas − pois o Corão não prescreve a mutilação do clitóris. Já o abuso sexual é tema tabu na sociedade, que encobre especialmente os casos de estupro marital e abuso infantil dentro da família. Hosni Mubarak, o ditador deposto, aplicou uma política de paulatina exclusão das mulheres do mercado de trabalho e desproteção jurídica para agradar a setores machistas conservadores, entre quais se contam lideranças islâmicas e cristãs.


Mulheres protestam no 8 de março no Egito

No entanto, após 30 anos de ditadura e neoliberalismo, o movimento egípcio ainda sofre com o histórico machismo no interior de suas fileiras. A convocação à marcha das mulheres foi recebida por alguns grupos como uma tentativa de divisão da revolução. Grupos de homens se reuniram para intimidar as manifestantes, provocando-as e perseguindo-as para fora da praça Tahrir. A força militar presente, longe de evitar, estimulou. Casos de assédio sexual foram reportados.

As mulheres egípcias estavam na luta revolucionária e por isso são agora alvos prioritários das tentativas de abrir espaço à contra-revolução. Tahani el-Gebali, primeira mulher a ser indicada juíza no Egito, em entrevista ao periódico Al-Masry Al-Youm, cita forças que querem sequestrar a revolução e impor uma agenda conservadora. “A celebração desta data simbólica foi sitiada para impedir que as mulheres tragam suas pautas para essa confluência revolucionária” .

Libanesas em solidariedade às domésticas filipinas
Reunidas pelo coletivo feminista Nasawyia, cerca de uma centena de mulheres e homens participaram da marcha “Tome de volta a noite” pelos bairros centrais de Beirute para protestar contra a atmosfera machista proibitiva nas ruas. Também nos ambientes de trabalho as libanesas são obrigadas a tolerar intimidação sexual e “exigências” estéticas dos chefes. Em um dos casos relatados a esse jornalista, durante uma entrevista de emprego a candidata foi requisitada a fazer uma cirurgia de nariz, ouvindo ainda do empregador que todo o resto do corpo estava já aprovado.

As organizações de mulheres no Líbano denunciam especialmente os abusos com empregadas domésticas do Sri-Lanka e Filipinas, trazidas para um ambiente de escravidão doméstica. Dependentes do visto “licenciado” pelas famílias, as trabalhadoras estrangeiras não podem sair da casa e muitas vezes são proibidas de ligar para casa. Um crescente número delas sofre abuso sexual e, humilhadas e encarceradas, acabam se suicidando.

Um outro caso evidente de como as libanesas são tratadas como cidadãs de segunda classe em seu próprio país é o impeditivo legal de darem cidadania libanesa a seus filhos. A batalha longa por direitos de maternidade vem dando alguns frutos, mas poucos projetos de revisão legal saíram do papel.

O coletivo Nasawyia é responsável também por uma campanha em TV e web com a personagem Salwa, a “respondona”, que aparece em situações de assédio sexual comuns como em táxis e filas, e sempre combate os assediadores.

Mulheres pela vitória da Líbia liberada
Um protesto massivo de dezenas de milhares de mulheres em Benghazzi marcou o Dia na capital rebelde líbia. Elas gritaram palavras de ordem de apoio à luta contra o ditador, como “Nenhuma negociação com Kaddafi!”, “O sangue dos nossos mártires não será em vão!”. Uma faixa conclamava a unidade contra Kaddafi e também contra a OTAN: “Nem Oriente, Nem Ocidente, Líbia apenas!” Novas organizações femininas vêm surgindo, como as Filhas de Omar Mukhtar, em homenagem ao mártir da resistência líbia à colonização italiana. Também há relatos de comitês de mulheres atuando febrilmente nas atividades da retaguarda das tropas, cuidando da logística e da alimentação do front.

Consolidação de novas organizações feministas na Tunísia
“Não há democracia sem igualdade!”, dizia slogan da Associação Tunisiana de Mulheres Democráticas durante os atos do dia 8 de Março. Uma expressiva luta vem sendo travada com o novo governo para exigir as reivindicações femininas. As várias organizações formadas antes e durante a luta que derrubou o ditador Ben Ali, como a Associação de Mulheres Tunisianas para Pesquisa e Desenvolvimento e o Coletivo Maghreb pela Igualdade, preparam agora um documento com todas suas reivindicações. Entre elas, a expansão da lei de cotas eleitorais conquistada pelas mulheres no regime anterior, e uma discussão ampla sobre leis que garantam a igualdade.

Feminista egípcia envia mensagem de solidariedade às mulheres da CSP-CONLUTAS

Nawal El Saadawi*



• "Após décadas, as mulheres árabes voltaram a ocupar as ruas no 8 de março. O dia foi lembrado com manifestações na Tunísia, Líbia, Líbano e no Egito, onde cerca de 1 milhão saíram às ruas para exigir os direitos das mulheres. As revoluções no mundo árabe fizeram com a luta em defesa dos direitos das mulheres ganhasse força, numa importante combinação entre luta contra a opressão e exploração.

Desde o Egito, a feminista Nawal El Saadawi, através de sua filha Mona Helmy, encaminhou mensagem às trabalhadoras da CSP-CONLUTAS, reafirmando a necessidade da luta internacional. Confira abaixo:

"Apoio sua luta com todo o coração. A luta global é inseparável da luta local. A luta é “Glocal”, ou seja, é global e local ao mesmo tempo. Mulheres e homens no Egito e Brasil precisam se unir e lutar juntos contra todos os tipos de discriminação relacionados à classe, raça, sexo e outros.

É necessário libertar a nós e a nossos países de todos os poderes internos e externos baseados no capitalismo, no imperialismo, no militarismo, no neocolonialismo, no racismo e na dominação patriarcal do Estado e da família. O fundamentalismo religioso é universal. O neocolonialismo e o fundamentalismo religioso são duas faces da mesma moeda. George Bush e Bin Laden são gêmeos. Deus é usado para justificar as injustiças relacionadas com o gênero, classe ou raça."

Cairo - Egito, 14 de março de 2011.


*Nawal El Saadawi é médica, escritora e uma das mais importantes críticas do machismo, do capitalismo e do imperialismo no mundo árabe. Por sua militância política, foi perseguida, presa e ameaçada de morte pelos fundamentalistas. Atualmente vive no Cairo, Egito. É autora de vários livros sobre a questão da mulher, dentre eles, “ A face oculta de Eva”, publicado no Brasil, pela editora Global.

Atividade de mulheres da construção civil de Belém debate a importância da organização

Operárias inauguraram sala da secretaria de mulheres do sindicato

Marcela Azevedo, do Movimento Mulheres em Luta e da Secretaria de mulheres do PSTU

Imagem da cena do evento de mulheres


• Como já é tradição, as operárias da construção civil de Belém atenderam ao chamado do sindicato para participar da atividade de mulheres em comemoração ao dia 8 de Março, Dia Internacional de Luta da Mulher. O debate aconteceu no último dia 18 e contou com a participação de 45 trabalhadoras da categoria, além de alguns convidados como companheiras da Associação dos Funcionários da Funpapa, representante do MTST , o Movimento Mulheres em Luta e alguns companheiros dos canteiros de obras mais próximos.

Iniciamos a noite com o debate “O papel da mulher operária na sociedade capitalista”. A professora da UFPA e participante do Movimento Mulheres em Luta da CSP-Conlutas, Socorro Aguiar, ressaltou o papel importante que cumpriram as mulheres em geral e as operárias na revolução do Egito, nas mobilizações da Europa e o papel que cumprirá a secretaria de mulheres do sindicato da construção civil na organização das mulheres de outras categorias, na cidade.

Deusarina Santos, a Deusinha, coordenadora geral do sindicato, colocou a realidade das mulheres nos canteiros de obras e chamou as companheiras a se organizarem para a luta. “Temos um governo de uma mulher (Dilma), mas ela não vai representar a nós trabalhadores, porque em dois meses já mostrou com o aumento absurdo do salário mínimo e com a proposta de uma nova reforma da previdência que não esta preocupada com a mulher trabalhadora. Por isso, nosso único caminho é a organização e a luta”, afirmou deusinha.

Cleber Rabelo, da executiva da CSP-Conlutas e militante do PSTU, saudou a atividade e parabenizou as mulheres da categoria pela garra e coragem e disse ainda que “o sindicato tem grande responsabilidade de tocar as lutas específicas das companheiras junto com a secretaria de mulheres, porque hoje é impossível a classe trabalhadora ser vitoriosa sem a participação das mulheres”.

Após esse momento foi realizada a inauguração da sala da secretaria de mulheres. Uma onda de emoção e euforia tomou conta do auditório, pois a sala leva o nome de uma das mais antigas operárias da categoria, exemplo de mulher trabalhadora e guerreira – “Tia Maria”. Após receber a notícia e fazer a inauguração da sala, Tia Maria disse estar muito feliz com a homenagem e muito honrada de representar uma categoria lutadora como as mulheres da construção civil.

A secretaria de mulheres do sindicato foi encaminhamento do I Encontro de Mulheres Trabalhadoras da Construção Civil de Belém, que aconteceu em agosto de 2010, e se torna um importante instrumento de luta e organização de mulheres no estado. A consequência do movimento construído por operarias é de grande qualidade e serve de exemplo e incentivo para todas as outras categorias.

PE: Trabalhadores de Suape tem reivindicações garantidas

Terminou nesse dia 30 a greve dos trabalhadores da construção civil de Suape, em Pernambuco


PSTU-PE


• Nesse dia 29, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) julgou a greve ilegal. Isso permite que a patronal faça o desconto dos dias parados. Será realizada uma negociação entre a patronal, o sindicato, a Federação e Confederação dos trabalhadores da construção civil e, principalmente, a comissão de empregados das empresas. Com isso, a categoria voltou ao trabalho na perspectiva do abono das faltas.

De toda forma, neste processo foram concedidas as duas reivindicações ainda pendentes de uma pauta com 13 itens. Com isso, o valor da cesta básica passou de R$ 80 para R$ 160 e o pagamento das horas extras aos sábados de 70% para 100%.

Além da vitória econômica, a greve constitui uma vitória política, pois foi garantida a estabilidade por um ano da comissão de empregados da CONEST (consócio responsável pelas obras na refinaria), principalmente após o ataque de um dos seguranças do SINTEPAV, em que um operário levou um tiro. Isso repercutiu negativamente, ocasionando o repúdio dos trabalhadores e, dessa forma, a direção do sindicato não se arriscou mais a participar das assembleias.

A mobilização teve o apoio desde o início da CSP-Conlutas de Pernambuco e do MLP (Movimento de Lutas Populares). Em seguida somaram-se a federação e confederação e Comissão de Base dos trabalhadores que passaram a conduzir a luta. O companheiro Hélio Cabral foi o responsável pela CSP-Conlutas e teve forte atuação nas assembleias, reuniões e piquetes. Nesta última assembleia, ele lembrou a importância da unidade das entidades e responsabilizou a Petrobrás e o Governo Federal pela situação de miséria que vive os operários. Também enfatizou a necessidade da organização de base como principal instrumento para mobilização dos trabalhadores.

Hélio destacou ainda a importância da participação da CSP-Conlutas na reunião nacional com as centrais sindicais, o governo e as empresas de construção civil, em que foi exigido o atendimento das reivindicações dos trabalhadores. Esta reunião aconteceu no dia 29 e teve como pauta as revoltas dos trabalhadores da construção civil nos principais canteiros de obras do PAC.

A greve acabou, mas a luta em Suape continua. É preciso resolver o impasse do desconto dos dias parados e também buscar o cumprimento do acordo dos outros itens (hora intinere, desvio de função entre outros). Além disso, é preciso garantir a estabilidade para as demais comissões, mas para isso será fundamental o fortalecimento das mesmas. As Comissões de Base já marcaram reunião e contarão com a presença da CSP-Conlutas.

Trabalhadoras da confecção feminina lançam campanha salarial

Maria de Santana, presidente do Sindconfe



• No dia 26 de março, trabalhadoras e trabalhadores da confecção feminina de Fortaleza reuniram-se no Clube dos Correios para lançar a campanha salarial deste ano. Numa festa com forró, sorteio de brindes e animação, foram comemorados o Dia da Costureira e o Dia Internacional das Mulheres. Mas as trabalhadoras abriram a festa com a assembleia para definir a pauta da campanha salarial deste ano.

Exploração e dupla jornada
Na confecção feminina, quase 90% dos trabalhadores são mulheres. Elas têm dupla jornada, muitas são jovens e estão em seu primeiro emprego. A jornada de trabalho de 44 horas semanais, os salários baixos, as metas de produção, as péssimas condições de trabalho, o assédio moral e sexual e a dupla jornada (trabalho na fábrica e em casa) são a receita dos patrões para buscarem mais lucros. Uma verdadeira ditadura do lucro.

Houve um crescimento econômico do setor que permitiu contratar mais trabalhadoras, dispensar menos no início do ano e garantir a produção. Só não cresceu o salário e não houve melhoria das condições de trabalho. Ao contrário, cresceram as queixas das trabalhadoras em todos os sentidos: doenças de trabalho, assédio moral, ameaça de cortes na produção e de demissões etc. Até as questões mais básicas, como refeições de qualidade, banheiros limpos e creche para os filhos das trabalhadoras, só serão garantidas com a mobilização da categoria.

Contra a ditadura dos patrões
O que as costureiras conseguiram até agora é pouco diante dos lucros e benefícios que a patronal dispõe. Nas fábricas, grandes e pequenas, os patrões andam em carros importados que são trocados todos os anos. Enquanto isso, as trabalhadoras vão para o trabalho a pé, de bicicleta ou ônibus e não têm dinheiro para reformar a casa, matricular o filho numa escola de qualidade etc.

É preciso organizar as trabalhadoras para derrotar a ditadura dos patrões dentro das fábricas e mobilizar a categoria para arrancar mais conquistas e valorizar os salários. As costureiras vão lutar por um reajuste salarial de 20%. Atualmente, uma costureira ganha R$ 547, e uma auxiliar R$ 545. Com o reajuste, passaria para um salário de R$ 700 para a costureira e R$ 650 para uma auxiliar. Ainda é pouco, mas avançaria a valorização do salário das costureiras.

Além disso, a categoria vai lutar para colocar na convenção coletiva de trabalho a garantia do auxílio-creche para todas as trabalhadoras, dependendo do porte da empresa. Atualmente os acordos são feitos por empresa e nem sempre é cumprido.

A cesta básica é outra das reivindicações. Hoje, nem todas as empresas disponibilizam. As que fornecem condicionam o benefício às metas de produção e às faltas, só recebendo aqueles trabalhadores que não têm faltas e que batem todas as metas ou os que não fazem as refeições no local de trabalho.

Por último, a categoria luta pela redução da jornada de trabalho. A jornada atual é desumana para qualquer trabalhador, e mais desumana ainda para quem tem uma dupla jornada. Portanto, é uma necessidade para a saúde das mulheres que a jornada de trabalho seja reduzida.

É possível, neste ano, construir uma grande campanha salarial com mobilização da categoria, diferente dos anos anteriores. Nesse sentido, nosso sindicato, junto com as entidades da CSP-Conlutas, intensificará sua presença nas fábricas para ganhar as trabalhadoras para derrotar a ditadura dos patrões e das fábricas e garantir grandes vitórias para as mulheres.

José Alencar: por que não reivindicamos sua biografia?


Diego Cruz
da redação

 

• Faz algum tempo que uma morte não era recebida com tanta reverência como a do ex-vice-presidente José Alencar, falecido nesse dia 29 de março, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Em tempos de reallity show, as últimas horas do empresário de 79 anos, há 13 com câncer, foi exaustivamente acompanhado pela imprensa.

Nos jornais ou na TV, a imagem de José Alencar esteve ao lado de qualificativos como “lutador”, “exemplo de vida”, entre tantos outros. Repórteres emocionados elogiavam sua simplicidade mineira, enquanto analistas discutiam o legado do dono da maior complexo de tecelagem do país.

Políticos e personalidades de todas as matizes declararam luto. Até mesmo parte da esquerda lamentou a morte do ex-vice-presidente. Não apenas o lamento justificável da perda de qualquer vida humana, mas reivindicando, politicamente, o empresário. Um dos dirigentes nacionais do MST, João Paulo Rodrigues, afirmou que Alencar foi “um dos poucos bons burgueses”.

O legado de Alencar
Qual o significado de José Alencar para o país? Embora já fosse um grande industrial estabelecido, proprietário de 11 fábricas tecelãs que formam o complexo da Coteminas, Alencar só foi ganhar destaque político nacional pelas mãos de Lula, nas eleições que o levou à presidência em 2002.

Embora Lula credite a seu ex-vice o fato de ter ganhado aquelas eleições, a escolha do industrial para compor a chapa para o Planalto foi bem mais simbólica. O desgaste de FHC e do neoliberalismo, assim como o histórico de Lula como líder operário, já colocavam o petista em uma posição de franco favoritismo frente ao então candidato tucano José Serra. Assim, com ou sem Alencar seria muito improvável que o petista não ganhasse.

O empresário mineiro viria, na verdade, para referendar a escolha programática do PT em favor do capital, da economia de mercado e da manutenção da política econômica levada a cabo pelos governos anteriores. Seria necessária uma cara para a famigerada “Carta aos brasileiros”. Lula e José Dirceu decidiram que a cara simpática e bonachona de Alencar se encaixaria perfeitamente aí.

Mais do que amealhar votos, a escolha de Alencar era mais uma mensagem ao mercado. Foi então que se conformou a chapa entre o PT e o PL, então partido do empresário, que mais tarde se transformaria no PRB.

O empresário Alencar
Outro fato que teria pesado para a escolha de Alencar para o posto seria a sua biografia, que se assemelharia a de Lula como exemplo de “superação”. De família pobre do interior de Minas, Alencar trabalhou no comércio durante sua juventude. Na década de 1960, constituiu a Companhia de Tecidos Norte de Minas, a Coteminas, que contou com generoso auxílio da Sudene na época, para se expandir.

Foi só na década de 1990 que Alencar passou o comando de seus negócios a um de seus filhos e se lançou na vida política. Até então sua atuação se limitava às associações de classe. Foi eleito senador em chapa com Itamar, de quem se tornaria desafeto mais tarde.

Oficialmente, Alencar teria saído do mundo dos negócios. Mas os negócios não saíram dele. Recentemente, documentos vazados pelo Wikileaks comprovam a intenção da Coteminas de entrar no Haiti. O país ocupado militarmente pelas tropas da ONU comandadas pelo Brasil se tornou o paraíso das fábricas têxteis, devido à abundante e barata mão-de-obra. De lá, os produtos são exportados principalmente aos EUA. A estabilidade propiciada pelos soldados garante o retorno dos investimentos.

Os documentos, de 2009, mostram como o filho de Alencar, Josué Gomes da Silva, presidente do grupo, teria feito lobby para a empresa se beneficiar da Lei Hope II. A lei Hope (Oportunidade Hemisférica Haitiana) foi estabelecida em 2007 e cria uma zona de livre comércio entre o país caribenho e os EUA. Ou seja, além da mão-de-obra barata, a Coteminas teria caminho livre para exportar aos EUA.

Vale lembrar ainda que, entre 2004 e 2006, o então vice José Alencar acumulou também o posto de ministro da Defesa. Ou seja, foi em seu mandato que o Brasil ocupou a liderança da Minustah, a missão de ocupação militar da ONU no Haiti, iniciada em 2004.

Josué Gomes, porém, não escondia o interesse da Coteminas em aproveitar as condições oferecidas pelo país haitiano. “O Brasil é reconhecido colaborador do processo de resgatar o Haiti. O país tem direito de pleitear um tratamento preferencial”, chegou a dizer em entrevista ao Valor, sobre a reivindicação da empresa se beneficiar da Lei Hope.

Alencar não é um dos nossos
Não se deve negar que a figura de Alencar e seu jeito simples não despertassem simpatia. Grande parte de sua popularidade experimentado em seus últimos momentos de vida, porém, deve-se à enorme popularidade de Lula.

Além disso, a orientação ultra-liberal adotada pelo governo Lula principalmente em seu primeiro mandato, fez parecer que Lula estivesse à direita de Alencar. O empresário, no entanto, fez o que qualquer industrial faria: reclamou dos juros altos. Esteve muito longe de qualquer política que pudesse ser considerada minimamente progressista.

José Alencar mesmo que fosse um empresário “íntegro” e “honesto”, de acordo com a moral burguesa, construiu seu império à custa da exploração dos trabalhadores. O capital acumulado por anos de exploração o possibilitou, em idade já avançada, receber o melhor e mais moderno tratamento contra o câncer. Possibilidade que nenhum de seus funcionários teria.

A esquerda tem por tradição reverenciar os seus mortos. Ou seja, reivindicar a trajetória daqueles que deram suas vidas por um mundo melhor, sem exploração. Alencar, porém, não era um deles. Estava na trincheira oposta da luta de classes. Do lado dos exploradores. Por isso, apesar da comoção nacional insuflada pela mídia, José Alencar não é um de nossos mortos.

Abaixo-assinado pede fim dos processos contra os ativistas

Entre na campanha contra a criminalização dos manifestantes, assine e divulgue aos seus contatos

Da redação



• Após uma ampla campanha que contou com apoio e solidariedade de setores democráticos e de esquerda, os 13 ativistas detidos no protesto do dia 18 de março contra Obama foram libertados. A criminalização dos manifestantes, porém, não terminou com as 72 horas de detenção no presídio. Os ativistas detidos continuam indiciados em crimes como “tentativa de incêndio” e podem ser condenados e presos.

Por isso a campanha agora gira em torno do fim dos processos contra os companheiros, um grave exemplo de criminalização dos movimentos sociais. Já está no ar um novo abaixo-assinado, dirigido ao Governo Federal e estadual, reivindicando o arquivamento dos processos. O primeiro abaixo-assinado, exigindo a libertação dos presos, chegou a 8 mil assinaturas em apenas três dias e contou com nomes como Fábio Konder Comparato e Dainel Aarão dos Reis.

Assine, divulgue, repasse aos seus contatos e ajude a derrotarmos de vez essa política repressiva que se abate contra os ativistas que ousam se levantar contra o imperialismo.

ABAIXO-ASSINADO

  • Springs Global tem prejuízo de R$ 18,4 milhões em 2010

    Valor Online

    SÃO PAULO - A Springs Global Participações - empresa do setor têxtil - fechou 2010 com perdas de R$ 18,43 milhões, revertendo o lucro de R$ 40,60 milhões do exercício de 2009.
    Em seu balanço, a companhia diz que o aumento de cerca de 200% no preço do algodão pesou sobre seus custos. "Nossos fornecedores passaram a reajustar seus preços quase que diariamente e na mesma intensidade com que as cotações dessa nobre fibra têxtil batiam recordes de alta", diz a Springs no relatório em que consta suas demonstrações financeiras.
    A holding foi criada em novembro de 2005 para abrigar a fusão entre a americana Springs e a brasileira Coteminas, fundada pelo ex-vice-presidente José Alencar, que faleceu ontem.
    No ano passado, a Springs Global registrou receita líquida de R$ 2,315 bilhões, com queda de 3,4% em relação ao faturamento do exercício de 2009. Já o resultado operacional ficou positivo em R$ 26,57 milhões, revertendo as perdas de R$ 64,01 milhões de um ano antes.
    No entanto, perdas na parte financeira do balanço - que teve impacto de um aumento nos empréstimos e financiamentos - levaram o resultado para o campo negativo.
    Em 2009, o resultado financeiro havia sido favorecido por ganhos com a variação do câmbio, o que explica o lucro obtido naquele ano.
    A Springs Global informa ainda no balanço que investiu R$ 60,1 milhões no ano passado, abaixo dos aportes de R$77,4 milhões de 2009.


    (Eduardo Laguna | Valor)

    Tupy amplia receita em 2010, mas lucro cai 1,4%, para R$ 154,4 milhões

    Júlia Pitthan | Valor
    30/03/2011 15:25
    FLORIANÓPOLIS - Com forte recuperação das exportações, a Tupy, fundição especializada em componentes automotivos com sede em Joinville (SC), fechou 2010 com receita operacional de R$ 1,871 bilhão, crescimento de 52,9% em relação a 2009. Apesar do aumento das vendas, o lucro líquido do período, de R$ 154,4 milhões, representou queda de 1,4% em relação a 2009.
    Segundo comunicado divulgado pela empresa na terça-feira à noite, o lucro de 2010 foi obtido basicamente sobre a atividade fim da companhia, enquanto que o de 2009 foi beneficiado por receitas extraordinárias decorrentes de benefícios fiscais e alienação de ativos florestais, entre outros.
    No comunicado, a empresa destacou o crescimento das vendas para o mercado externo. Em volume, as exportações foram 74,2% superiores às registradas em 2009. No mercado interno, houve crescimento de 35,4%. Segundo a companhia, o bom resultado foi especialmente favorecido pelas vendas de blocos e cabeçotes de motores para veículos a diesel.
    Apesar da recuperação das exportações, as vendas para o mercado brasileiro ainda representaram 53,7% do volume total, superando o mercado externo pelo segundo ano consecutivo. A venda de blocos de motores para caminhões, ônibus e máquinas agrícolas foi o grande responsável pelas vendas.
    (Júlia Pitthan | Valor)

    quarta-feira, 30 de março de 2011

    Pelo Boicote : No Dia da Terra Comitê Palestino denuncia aumento das relações militares entre Brasil e Israel

    Comitê Nacional Palestino para o Boicote, Desinvestimento e Sanções (BNC)*

    Palestina Ocupada, 30 de Março 2011 – No terceiro dia de Ação Global de Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel no Dia da Terra Palestina (30 de Março), orgulhamo-nos de anunciar a publicação do desconcertante e potencialmente explosivo relatório da Stop the Wall, sobre as crescentes relações militares entre o Brasil e Israel.
    Apesar do recente reconhecimento do Estado da Palestina pelo Brasil, e da sua longa tradição em apoiar os direitos palestinos e a lei internacional, o Governo Brasileiro assinou contratos no valor de centenas de milhares de dólares com a indústria de armamento de Israel.
    O fato que Israel continue a exercer há várias décadas, a brutal e ilegal ocupação de Gaza, recusando os direitos dos refugiados palestinos, aumentando descaradamente as políticas de apartheid, e rejeitando toda e qualquer tentativa internacional de atingir um justo acordo de paz com Palestinos e Árabes, não deteve o Brasil de se tornar um dos mais significativos importadores mundiais de armas israelitas, muitas das quais promovidas como “testes de campo”.
    O documento de 30 páginas mostra detalhes dos programas assinados com Israel no valor de quase mil milhões de dólares. Israel, por sua vez, reforçou a sua presença na indústria de armamento brasileira através de aquisições, joint ventures e parcerias estratégicas. Os esforços israelitas para obter um amplo estabelecimento no Brasil e, desta forma, penetrar também em outros países progressistas sul americanos não é mera coincidência. O Brasil mantém atualmente uma representação das suas forças armadas em Tel Aviv e recentemente assinou um acordo de cooperação de segurança entre Israel, que permite a este último fazer negócios a um nível de segurança classificado “elevado”. A indústria militar israelita diz que de momento estão a ser preparados contratos no valor de vários milhares de milhões de dólares para a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 no Brasil. Das sete empresas noticiadas nos jornais que se encontram em competição para obtenção de contratos, seis têm ligações provadas com crimes de guerra israelitas e/ou são suspeitas de estarem envolvidas em atividades de espionagem.
    As principais empresas de armamento israelitas ativas no Brasil – a Indústria de Aviação Israelita (IAI) e os Sistemas Elbit – para além de estarem diretamente envolvidas no fornecimento de armamento ao exército de ocupação israelita, a ser usado para cometer o que o relatório das Nações Unidas “Goldstone” classifica como “crimes de guerra” e possíveis crimes contra a Humanidade, estão também implicadas na construção do Muro na Cisjordânia e na construção de infra-estruturas para colonatos, ambas violações graves do IV Acordo de Genebra e do Parecer Consultivo de 2004 do Tribunal Internacional de Justiça. Por exemplo, espingardas israelitas Tavor produzidas no Brasil são desenvolvidas e testadas durante ataques do exército israelita contra cidades palestinas sob ocupação.

    Rio de Janeiro : Trabalhador morre em Angra do Reis, durante construção de plataforma de petróleo

    http://www.conlutas.org.br/site1/exibedocs.asp?tipodoc=noticia&cat=Dia-a-Dia&subC=Notícias

    em Angra dos Reis (RJ), durante construção de uma plataforma de
    petróleo, matou o trabalhador Abel Miranda, de 58 anos. Ele trabalhava para
    uma empreiteira da Petrobrás, a empresa Basfels. O acidente aconteceu por
    volta das 21h30 de segunda-feira (28). Abel Miranda teria sido vítima de
    asfixia, após entrar em contato com argônio, um tipo de gás. Uma ambulância
    do estaleiro chegou a socorrer a vítima que, no entanto, já chegou sem vida
    ao Pronto Socorro Municipal de Angra dos Reis. A delegacia local registrou o
    caso como acidente de trabalho. As causas da morte serão apuradas por uma
    comissão da qual também participa o Sindipetro-RJ, como representante dos
    trabalhadores.

    A grande incidência de acidentes na área do petróleo, onde os óbitos são
    freqüentes, sobretudo entre trabalhadores de empreiteiras, está entre as
    preocupações dos trabalhadores. A cada nova negociação de acordo coletivo, o
    tema volta à pauta. Mas os acidentes não diminuem. O Sindipetro-RJ apresenta
    suas condolências aos familiares.

    Fonte: Agência Petroleira de Notícias

    Sindicato busca acordo coletivo em favor dos trabalhadores da indústria têxtil


    Repórter

    29/03/2011 - 08h42m
    Samuel Nunes
    Em contato com O Norte na manhã de ontem, 28, o diretor e secretário do Sindicato dos trabalhadores na indústria têxtil de Montes Claros, Renato Sérgio Pereira, conta que iniciou em 18 de fevereiro o acordo coletivo com os trabalhadores das empresas Coteminas, Tecnom e Santanense. Informa que, ao todo, são 30 cláusulas contendo as reivindicações dos trabalhadores, como reajuste salarial de 12%, manutenção do plano de saúde e ticket-alimentação no valor de R$ 360,00. Revela que o salário de um trabalhador na indústria têxtil na cidade é de R$ 750,00. O sindicalista explica que o acordo ainda está em negociação, sendo que os trabalhadores serão chamados posteriormente para que possa ser apresentada a contraproposta da classe patronal.
    Renato Sérgio Pereira destaca também outra reivindicação, considerada primordial para a categoria, especificamente para as mulheres, que é a licença-maternidade de seis meses. Lembra que esta realidade, presente apenas para quem é funcionário público, consta na pauta de reivindicação pelo fato de o sindicato ter avaliado como imprescindível para que as mulheres possam gozar de mais tempo com o recém-nascido, algo, segundo ele, mais do que justo.

    DIFICULDADES
    O líder sindical afirma que, em Montes Claros, há em torno de 3.500 trabalhadores nas indústrias têxteis, o que demonstra a evidente força deste segmento para o desenvolvimento e progresso da economia do município.
    - Todo início de ano, o setor têxtil de todo o país enfrenta dificuldades, mas com a força de trabalho do operário e do sindicato, que não tem medido esforços para representá-los, naturalmente as dificuldades que geralmente são advindas em virtude da crise do algodão passam, e as coisas tendem a melhorar a partir do mês de maio – analisa. 
    Quanto às reivindicações dos trabalhadores, Renato acredita que estas possam lograr êxito. Salienta que Montes Claros é uma cidade que cresce a cada ano e o segmento da indústria têxtil tem contribuído sobremaneira para este crescimento. Garante ainda que o sindicato continua seu trabalho de forma a defender o que é direito do trabalhador.

    Protestos atingem a Síria


    Desde o dia 15, a Síria se tornou o mais novo palco de protestos massivos em defesa das liberdades democráticas. O alvo das manifestações é o governo Bashar al-Assad e seu partido (o Partido Socialista Árabe Sírio – Baath), que está no poder há 48 anos. E como os demais governos da região, a repressão lançada contra os manifestantes é sangrenta. Segundo as organizações de direitos humanos, são mais de 130 as pessoas que já morreram na Síria. Al-Assad é presidente do país desde 2000, assumindo após a morte de seu pai Hafez El Assad.

    No último final de semana a cidade de Latakia sofreu um verdadeiro banho de sangue. Escolas e lojas foram fechadas e a cidade agora é palco de vários funerais. Pelo menos 13 pessoas morreram e mais de 185 ficaram feridas. Na última segunda-feira, milhares de pessoas que se manifestavam na cidade Deraa, Sul da Síria, foram dispersadas por gás lacrimogêneo e por tiros disparados pela polícia.

    Ao mesmo tempo em que reprime a população, o governo também tenta ganhar tempo com falsas promessas de “democracia”. O governo anunciou que pretende aplicar medidas de democratização, como o fim do estado de emergência, que está em vigor há 48 anos, a libertações de presos políticos e prometeu um aumento imediato dos salários dos funcionários e medidas anticorrupção. Mas todas as medidas não têm data para serem aplicadas, nem mesmo o absurdo estado de sítio.

    O passado de lutas contra Israel e o imperialismo fez com que o regime sírio ficasse conhecido como “defensor do nacionalismo”, e lutasse contra as ameaças imperialistas à região. A imagem foi reforçada quando, logo após o início da guerra do Iraque, quando havia a ameaça dos EIA voltarem seus canhões contra Damasco e invadir a Síria. Contudo, internamente o governo possui um amplo histórico de repressão ao ativismo político, restrições à liberdade de expressão, tortura, maus-tratos à minoria curda e as deportações forçadas de cidadãos sírios.

    Nos últimos anos, o regime sírio tem voltado a se aproximar lentamente do imperialismo norte-americano e da União Europeia. Retomou as relações com Israel e só não fechou um acordo de paz com o enclave imperialista no Oriente Médio devido aos ataques israelenses na faixa de Gaza, em 2009.

    Até hoje Israel ocupa parte da Síria. As Colinas do Golan foram ocupadas na Guerra dos Seis Dias, em 1967. A aproximação com o ocidente ocorreu depois que seu governo foi acusado de matar o ex-premiê libanês Rafik Hariri, em uma explosão no centro de Beirute. Na ocasião, o episódio serviu como pretexto para os EUA forçarem a retirada das tropas síria do Líbano.

    A desestabilização da Síria preocupa o imperialismo e os demais governos da região. O país tem uma localização geográfica delicada, incrustada entre Israel, Líbano e Iraque. A queda da ditadura poderia levar o país a uma nova guerra civil.

    Bashar al-Assad tem recebido telefonema de apoio de vários dirigentes da região, após a deflagração do conflito. O rei Abdulá da Arábia Saudita o apoio ante "a conspiração da que é objeto a segurança e a estabilidade". O rei saudita disse que estará "junto às autoridades e o povo líbio para desbaratar esta conspiração".

    Al Assad também tem recebido telefonemas do rei de Bahrein, país que também enfrenta enormes manifestações contra o regime, do Kuwait, e até do presidente iraquiano, Jalal Talabani. Todos eles têm expressado o respaldo de seus países a Síria e sua "confiança na capacidade do país de frustrar essa conspiração". Todos eles temem que a ditadura síria seja a bola da vez dos protestos.

    Líbia: uma revolução, duas guerras

    Existe hoje na Líbia uma guerra civil entre a revolução e a contra-revolução, e outra guerra de agressão imperialista contra um país semicolonial


    Eduardo Almeida Neto
    da Direção Nacional do PSTU e editor do Opinião Socialista

    Existe uma grande simpatia dos ativistas em todo o mundo pela revolução árabe contra ditaduras pró-imperialistas que oprimem estes países há décadas. Mas em relação à Líbia existe uma grande confusão. É ou não parte do mesmo processo? E agora, com a invasão imperialista, de que lado se posicionar?

    A primeira confusão acontece porque as correntes stalinistas e chavistas tentam de todas as maneiras convencer que a rebelião do povo líbio é falsa e que Kadafi é um lutador antiimperialista. Com os métodos típicos do stalinismo, tentam convencer a todos que a Líbia não é parte do mesmo processo árabe.

    A realidade entra pela janela, pelas portas, pelo teto: basta ver as notícias das milícias de trabalhadores e jovens nas cidades rebeladas contra Kadafi, para ver a falsidade dos stalinistas. É a mesma efervescência da praça Tahrir do Egito, que teve de se armar para enfrentar um genocida. É o que aconteceria no Egito caso o exército tivesse reprimido a revolução. É o que pode acontecer no Iêmem e no Bahrein, caso a repressão violenta (apoiada pelo imperialismo) siga.

    Existe uma revolução na Líbia, dos trabalhadores e do povo rebelado contra a ditadura de Kadafi, que começou de forma muito parecida com a do Egito e a da Tunísia.

    A confusão deliberada sobre Kadafi
    Na verdade, Castro e Chávez confundem deliberadamente o Kadafi de quarenta anos atrás com o atual. Ele liderou um golpe militar em 1969 que derrubou a monarquia e nacionalizou o petróleo, tendo seguidos choques com o imperialismo. Já na década de 90, teve um brutal giro à direita, entregando o petróleo líbio para a Shell, British Petroleun, ENI (italiana) e Total (francesa). Tornou-se um grande burguês, com negócios diretos com as multinacionais. Por exemplo, possui 10% das ações da FIAT e 7% do banco italiano Unicredit. Passou a ser recebido com festas pelos governos europeus, como Sarcozy e Berlusconi.

    Kadafi teve um percurso semelhante ao de outras correntes nacionalistas burguesas que capitularam completamente ao imperialismo, como o nasserismo e o peronismo. O Kadafi de hoje não é igual ao Perón que nacionalizou as ferrovias inglesas, mas ao peronista Menen que implantou o neoliberalismo. Não é igual ao Nasser que nacionalizou o canal de Suez, mas a Mubarak.

    A revolução em curso na Líbia é, portanto, muito semelhante às que estão ocorrendo em todo o mundo árabe. Mas apresenta também algumas diferenças importantes. A primeira é que Kadafi reagiu com uma repressão sangrenta, utilizando métodos semifascistas semelhantes aos de Israel, bombardeando populações civis com aviões. Por esse motivo, a revolução tomou o rumo de uma guerra civil.

    Toda revolução se enfrenta com uma contrarrevolução, no caso a resposta violenta do ditador. Escolher de que lado se fica em um processo como este tem enorme importância. Do lado da revolução ou da contrarrevolução? Ficará registrado para sempre na história que Castro e Chávez mantiveram o apoio a Kadafi nessa guerra civil. Sustentaram diretamente a repressão e o genocídio do povo, sujando suas mãos com o sangue líbio, apoiando a contrarrevolução.

    E agora, com a intervenção imperialista?
    A segunda diferença é a intervenção militar direta do imperialismo na região.
    Isso provocou outro tipo de confusão. E agora, o que fazer? Essa é a pergunta que os ativistas se fazem. A maioria está de acordo em que é equivocado apoiar Kadafi. Mas a discussão ficou muito mais confusa depois da intervenção militar do imperialismo. Isso não daria razão aos que apoiam Kadafi?

    Não, não dá. O imperialismo não intervém porque Kadafi é antimperialista. Ele entregou todo o petróleo. Muito menos porque Kadafi é um ditador, já que estão apoiando nesse momento a mesma repressão no Bahrein.

    O motivo para a intervenção é porque o imperialismo quer se apropriar diretamente do petróleo e estabelecer uma zona controlada no meio da revolução árabe. Não confia mais em Kadafi, porque não acredita que ele possa reestabilizar a região, mesmo que consiga uma vitória militar.

    Como Kadafi mantém uma base social muito reduzida, e mesmo suas forças militares são limitadas, não tem condições sequer de garantir a ocupação das cidades em que derrota as forças rebeladas. Consegue ter vitórias militares pela superioridade bélica, mas não tem condições de garantir a estabilidade da região. É muito provável que, se ganhasse a guerra, a enorme oposição ao ditador resultasse numa guerrilha de massas.

    Kadafi está dando ao imperialismo a possibilidade de lançar uma contraofensiva para derrotar a revolução árabe. Possibilita que a OTAN apareça "em defesa da democracia", quando o motivo real é o controle do petróleo e da região.

    Mas, como então se posicionar em meio à revolução do povo líbio contra Kadafi e à intervenção militar imperialista? Não seria o caso de deixar de lado a luta contra o ditador e centrar na batalha contra o imperialismo?

    Não. Existem uma revolução e duas guerras. Uma guerra civil entre o polo da revolução e da contrarrevolução contra Kadafi. Outra guerra de agressão imperialista contra um país semicolonial. Não se pode ignorar a existência de uma revolução na Líbia. Nem se pode resumir a complexidade do problema líbio apenas a uma das guerras, sob pena de uma capitulação grosseira ao imperialismo ou a Kadafi.

    Nada melhor para discutir a correção de uma posição política do que baixá-la para a realidade concreta. Imaginem só a situação hoje - no dia em que está sendo escrito esse artigo - de um grupo de militantes revolucionários em Bengazhi ou Misrata, bastiões do povo rebelado. Eles não podem deixar a guerra contra Kadafi, que segue atacando essas duas cidades e matando dezenas de pessoas. Seria necessária uma unidade de ação com Kadafi contra o imperialismo? Afinal, existe uma guerra de agressão imperialista. Em termos abstratos sim, mas isso é impossível política e militarmente.

    O grande obstáculo é o próprio Kadafi. Se ele tivesse qualquer postura antiimperialista, no momento da agressão estrangeira teria suspendido realmente todos os ataques aos rebeldes e chamado a uma ampla unidade de ação contra as forças da OTAN. Ao contrário, seguiu atacando com métodos de genocídio. Politicamente, a unidade de ação com Kadafi é impossível pelo ódio causado na ampla maioria das massas líbias por ele próprio. Não é por acaso que existe uma revolução contra ele.

    Em termos militares, é impossível pela continuidade da agressão das forças do ditador. Segue existindo uma guerra civil na Líbia. Por isso, a necessidade das duas guerras. Aqueles que defendem unicamente o repúdio à intervenção do imperialismo, calando sobre Kadafi, estão situados no campo político e militar desse genocida. Muitas vezes, com a melhor das intenções de lutar contra o imperialismo, ao tentar priorizar a unidade de ação com Kadafi por fora da realidade concreta da guerra civil, terminam no polo da contrarrevolução. São cúmplices dos massacres do Mubarak líbio.

    Atirar também contra o imperialismo
    Por outro lado, a necessidade da guerra também contra o imperialismo leva ao necessário enfrentamento com a direção do Conselho Nacional Líbio, que se autoapresenta como representante do levante contra Kadafi. Esse Conselho está apoiando a ação militar imperialista. Essa é uma atitude traidora da causa árabe por abrir as portas para que o imperialismo se recupere do duro golpe que está sofrendo com a derrubada das ditaduras na região. Um território dominado pelas tropas da ONU será um bastião contra toda a revolução árabe.

    É fundamental que os lutadores em Bengazhi e outros territórios liberados retomem a atitude antiimperialista que existia na área antes da contraofensiva de Kadafi. Não se pode aceitar a atitude desse Conselho, praticamente de uma unidade de ação com o imperialismo. Os governos imperialistas têm como objetivo acabar com a revolução árabe. Vão querer estabelecer um território controlado por eles.

    Assim que puderem, as armas norte-americanas e europeias vão se virar contra as milícias armadas da oposição. Quaisquer ganhos táticos no terreno militar contra Kadafi com os bombardeios da Otan vão se transformar em perdas estratégicas para a revolução.

    É muito importante que se articule um polo anti-imperialista dentro de Bengazhi e das regiões controladas pelos rebeldes. A revolução contra Kadafi não pode deixar de identificar no imperialismo um inimigo e se situar também na luta política e militar contra a agressão estrangeira. A derrota da revolução líbia pode não vir somente pelas tropas de Kadafi, mas também pela intervenção imperialista disfarçada de intenções "democráticas".

    Linha branca aguarda WEG para anunciar investimentos

    Grupo pretende antecipar conclusão da fábrica de Linhares, prevista para 2013, para o final de 2012

    22/03/2011 - 21h07 - Atualizado em 22/03/2011 - 21h07
    A Gazeta


    Fabricantes de componentes - os fornecedores, principalmente de eletrodomésticos, e os clientes - aguardam apenas a batida do martelo por parte da WEG Motores Elétricos com relação à antecipação da conclusão da fábrica de Linhares para o final de 2012 - a princípio estava marcada para o fim de 2013 -, e à inclusão de novos produtos à linha de produção, para anunciarem seus projetos para o Espírito Santo. A expectativa é de que a WEG, de olho num mercado interno bastante favorável, faça os anúncios ainda esta semana.

    As conversas estão mais adiantadas com os fornecedores. Pelo menos três parceiros tradicionais da WEG devem anunciar chegada ao Estado nos próximos meses. São fabricantes de chicotes elétricos, tomadas e outros componentes. Eles vêm para dar suporte à unidade que, embora só deva ter seu primeiro módulo inaugurado em abril, já começou a produzir.

    Os fabricantes de eletrodomésticos ainda aguardam o anúncio da antecipação da inauguração de todo o complexo, são quatro módulos, e das novidades na produção. Mesmo assim, algumas indústrias, caso da Wanke, já estão em contato com prefeituras do Norte capixaba.

    Paulo Medina, secretário de Desenvolvimento de Linhares, afirma que as regiões Norte de Noroeste do Estado têm tudo para receberem uma grande quantidade fabricantes da chamada linha branca.

    "A WEG é referência, além dos fornecedores, para onde ela vai ela atrai uma clientela que precisa de motores elétricos na fabricação de seus equipamentos. Tudo o que usa motor elétrico, casos de máquina de lavar, tanquinho, geladeira, pode vir para cá. Além da WEG, eles aproveitariam uma posição logística privilegiada do Estado. Estamos a menos de 1 mil quilômetros de todos os principais centros consumidores do país", assinalou.

    Medina disse ainda que a intenção de Linhares e do governo do Estado é levar essas fábricas para todos os municípios do entorno. "A ideia é reduzir a migração de pessoas, por isso, queremos incentivar a ida dessas novas fábricas para municípios como Colatina, Jaguaré, São Mateus, Sooretama. Isso vai fomentar a economia de toda a região e Linhares não crescerá sozinha".

    Lula participa do Forum Mundial em Dakar viajando em jatinho da Coteminas.



    Lula viajou para participar do Forum Social Mundial, levando junto Luiz Dulci e Paulo Okamoto, que deverão tocar o Instituto de Cidadania, a bordo de um Falcon 2000 LX, considerado um dos mais rápidos do mundo. É sempre usado pelo ex-vice-presidente José Alencar e está registrado em nome da Coteminas, empresa tocada por seu filho Josué.

    Amigo é para isso mesmo: afinal, no governo Lula, a Coteminas conseguiu um financiamento de mais de R$ 400 milhões no BNDES, para pagar em 10 anos e com juros de 6% ao ano. (Coluna de Giba Um).

    Pois é meus amigos, para ir ao almoço em homenagem ao Presidente dos EUA Lula não tinha tempo, mas econtra sempre tempo quando é para aparacer como é o caso de Dakar no Fórum Social Mundial, na Palestra para a Empresa LG, uma mutlinacional Coreana que se transformou numa gigante no Brasil durante o Governo Lula. Lula fêz palestra para funcionários e grandes clientes da LG. Estima-se no mercado que ele recebeu R$ 300 mil para falar bem dele e do governo dele durante 40 minutos.

    Edição Nº 02 do Boletim Linha Operária

    Receita líquida da Cremer chegou a R$ 375 milhões no ano passado


    Por Redação SM - 25/03/2011


    O valor representa uma alta de 1,2% em relação à receita de 2009 da Cremer, fornecedora de produtos para a saúde. Já o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 55,5 milhões, um crescimento de 11,4% em relação ao ano de 2009. Já o lucro líquido foi de R$ 32,2 milhões, 19,4% abaixo do registrado em 2009.

    Segundo Rafael Grisolia, diretor financeiro da empresa, durante o ano passado a Cremer enfrentou desafios de mercado como o desaquecimento da atividade do segmento hospitalar, a sobreoferta e consequente queda de preços no mercado de luvas, além de um maior custo de produção gerado pelo aumento no preço das matérias primas, principalmente o algodão. “Mas apesar dos desafios de curto prazo, seguimos bastante entusiasmados com as oportunidades estratégicas que vem se materializando com nossos recentes investimentos”, afirma.

    Em 2010, por exemplo, foram investidos R$ 31,7 milhões em ativo imobilizado, valor quase três vezes superior ao de 2009. No quarto trimestre o investimento atingiu R$ 8,7 milhões. “Esse foi maior investimento da história da Cremer, e foi concentrado em nossa fábrica têxtil, especialmente na modernização da planta e no aumento de eficiência e segurança”, acrescenta Grisolia.

    Cremer registra lucro 19,4% menor em 2010


    Já a receita líquida no ano passado atingiu R$ 375,4 milhões, ou 1,2% superior ao resultado apresentado no ano anterior.

    24 de março de 2011 – A Cremer (CREM3), fornecedora de produtos para a saúde, anunciou um lucro líquido de R$ 32,2 milhões em 2010, valor 19,4% abaixo de 2009. Já a receita líquida no ano passado atingiu R$ 375,4 milhões, ou 1,2% superior ao resultado apresentado no ano anterior. Por fim, em 2010, o Ebirda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 55,5 milhões, um crescimento de 11,4% em relação ao ano de 2009. No quarto trimestre de 2010 o Ebitda foi R$ 9,3 milhões e o lucro líquido foi R$ 2,8 milhões, afetado por despesas extraordinárias e não recorrentes, como assessoria para às atividades de aquisições e despesas relacionadas à reestruturação organizacional. “Durante 2010 enfrentamos desafios de mercado como o desaquecimento da atividade do segmento hospitalar, a sobre-oferta e consequente queda de preços no mercado de luvas, e um aumento dos custos de produção pelo aumento no preço das matérias primas, principalmente o algodão. Apesar dos desafios de curto prazo, seguimos bastante entusiasmados com as oportunidades estratégicas que vem se materializando com nossas recentes parcerias e aquisições”, afirma Rafael Grisolia, diretor financeiro e de relações com investidores.

    (Redação - www.ultimoinstante.com.br)

    Alencar fundou Coteminas com auxílio oficial e apoio político

    O ex-vice-presidente José Alencar, morto nesta terça-feira vítima de câncer, deu partida a sua carreira empresarial com uma modesta "vendinha" de duas portas e um capital de 15 mil cruzeiros, no final dos anos 40. Mas para fundar sua empresa mais importante, a Coteminas (Companhia de Tecidos Norte de Minas), ele contou com bem mais apoio que um empréstimo do irmão mais velho, Geraldo Gomes da Silva.
     
    Já estabelecido como empresário do setor têxtil desde o início da década de 60, Alencar se uniu ao deputado Luiz de Paula Ferreira, da área de algodão, e obteve capital do BMDG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais) e da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), órgãos do governo militar voltados para o desenvolvimento do setor industrial na região. 
    A Sudene havia sido criada em 1959, por iniciativa do governo Juscelino Kubitschek, e sob inspiração do economista Celso Furtado, para estimular o desenvolvimento do Nordeste. Mais tarde, já sob o governo militar, a superintendência focou esforços e dinheiro na expansão do setor industrial da região, caracterizado à época por empresas artesanais, de pouca expressão.
    A Coteminas constituiu a quase totalidade de seus maiores empreendimentos em regiões incentivadas pela superintendência, tais como a Cotenor e a Cebractex (complexo industrial têxtil integrado), em Montes Claros (MG) ou mais recentemente a Wentex (fabricante de roupas), em São Gonçalo do Amarante (RN).
    Os órgãos oficiais ainda continuam como parceiros importantes do desenvolvimento da Coteminas. A administração da empresa encerra o balanço de 2009 com agradecimentos "à Sudene, ao BNDES, ao BDMG, ao BNB [Banco Nordeste], ao Banco do Brasil (...) e a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a consecução dos objetivos oficiais" 
    Fonte: Folha Online

    Dono da Coteminas, Alencar ajudou Lula a superar resistência do empresariado

    Do UOL Notícias Em São Paulo

    José Alencar Gomes da Silva causou surpresa, à esquerda e à direita, ao aceitar a posição de vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, na campanha de 2002. O que parecia natural oito anos depois, quando o petista deixou o Palácio do Planalto e correu para visitar o amigo internado no hospital Sírio-Libanês, foi um movimento arriscado na época, com suspeição de lado a lado.






    • A dobradinha surgiu depois de uma articulação entre PT e PL, como um aceno ao empresariado de que a candidatura petista buscava diálogo e ampliação de sua base histórica, na faixa dos 30% cativos. Antes, o então senador pelo PL havia sido sondado pelo também candidato Ciro Gomes (na época no PPS) e pelo PSDB, que teria o ministro da Saúde, José Serra, como preferido para suceder Fernando Henrique Cardoso. Quando explodiu o escândalo do mensalão, sobraram suspeitas de que a aliança foi paga em dinheiro pelo PT.


    Alencar seria uma espécie de "avalista" de Lula junto aos investidores --ideia reforçada com o lançamento da "Carta ao Povo Brasileiro", pelo petista, em junho de 2002, na qual ele reafirmou compromissos com a estabilidade econômica. Também pesou para a escolha do dono da Coteminas o fato de ser uma liderança de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. A história de vida sofrida, apesar dos milhões no banco, também serviram para associar as histórias do candidato a presidente com o seu vice.


    O então senador cumpriu à risca seu papel durante a campanha. Já no governo, o nacionalista Alencar mostrou-se um defensor ferrenho da queda das taxas de juros --mas seus comentários não abalaram a política econômica ortodoxa do governo, então sob o comando do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.




    Ironia do destino. Todo mundo fala que o Lula fez aliança comigo porque eu representava segurança e não risco, justamente para isso que se chama mercado. Hoje, dizem que eu sou o risco. Isso não é estranho?

    Alencar, em 11 de setembro de 2005

    Em 2004, Alencar assumiu o Ministério da Defesa, depois de atritos entre o então ministro, o embaixador José Viegas, e militares, por conta da ação destes durante a ditadura. Em 2005, defendeu o governo em meio às denúncias do esquema de pagamento a parlamentares em troca da apoio político no Congresso. Segundo ele, o presidente teria sido "vítima do despreparo" do PT.


    Também em 2005, Alencar, católico, deixou o PL e filiou-se ao PMR (Partido Municipalista Renovador), ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Dois meses depois, o partido mudou seu nome para PRB (Partido Republicano Brasileiro).


    Alencar renunciou ao Ministério da Defesa em março de 2006 para poder se candidatar à reeleição. Apesar de pressões do PSB e do PMDB, que também tentaram emplacar o vice, o mineiro voltou a fazer dobradinha com Lula.

    quinta-feira, 10 de março de 2011

    WEG inaugura fábrica de motores na Índia

    Jaraguá do Sul - A WEG S.A. anunciou ontem a inauguração da sua fábrica de motores elétricos na Índia. A nova unidade estreia sua produção fornecendo motores de indução MGF 630 que serão instalados em bombas de água fabricadas pela empresa Kirloskar Brothers Limited (KBL) para o projeto Bangalore Water Supply Scheme de distribuição de água potável em Bangalore. A previsão é que a entrega destas máquinas ocorra até abril de 2011.

    A WEG Índia produzirá motores de indução e síncronos e geradores síncronos de média e alta tensão. Construída na cidade de Hosur, estado de Tamil Nadu, próxima de Bangalore, a unidade tem 32 mil metros quadrados de área construída e ocupa uma área de 170 mil metros quadrados.

    O presidente executivo da WEG, Harry Schmelzer Jr., afirmou que "a WEG Índia foi concebida para atender Ásia, Oriente Médio, África e Oceania, e avança em sua estratégia de internacionalização". A unidade já recebeu aproximadamente US$ 60 milhões em investimentos, gerando cerca de 250 empregos diretos, número que deve chegar a 600 neste ano.

    Leia aqui.

    quinta-feira, 3 de março de 2011

    Obama pode anunciar fim de vistos para brasileiros

    Presidente americano chega ao Brasil no próximo dia 19 para visita de dois dias

    O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, desembarca no Brasil na noite da sexta-feira (18) com uma agenda cronometrada. Cercado por uma comitiva com quase mil pessoas, entre seguranças, assessores e secretários, Obama vem fechar uma série de acordos com o governo brasileiro e visitar pontos turísticos no Rio de Janeiro. Na pauta, pode entrar também o fim da obrigatoriedade de vistos prévios para brasileiros que queiram entrar nos EUA.

    O primeiro compromisso está marcado para o sábado (19), quando será recebido pela presidente Dilma Rousseff em um almoço no Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) com a presença de dez grandes empresários brasileiros.

    Estão na lista as construtoras Camargo Corrêa e Odebrecht; a Coteminas, maior empresa têxtil do país; a Cutrale, gigante na produção de suco de laranja; a fabricante de aviões Embraer; a siderúrgica Gerdau; a mineradora Vale; a Stefanini, que atua na área de tecnologia da informação; a Aracruz, produtora de papel e celulose; e a Votorantim, conglomerado com braços nas áreas de cimento, mineração e metalurgia, siderurgia, celulose e papel, entre outros.

    A intenção dos empresários é buscar canais de aproximação com o mercado americano e aprofundar as relações comerciais justamente num momento em que a China ultrapassa os EUA como principal parceiro do Brasil.

    O Itamaraty não esconde que poderá haver algum tipo de pressão da delegação americana para que o Brasil escolha os caças F/A-18 Super Hornet, da Boeing, no processo de renovação da FAB (Força Aérea Brasileira).

    Fim do carimbo no passaporte
     
    Durante o evento, Obama deve fazer seu principal discurso durante toda a visita. De acordo com assessores da embaixada americana em Brasília, o presidente vai reforçar a visão de que o Brasil não é apenas mais um país na América Latina, mas sim um grande parceiro que tem atuado como protagonista nas grandes questões mundiais.

    Diplomatas brasileiros dizem acreditar que o os elogios não ficarão apenas nas palavras. É esperado que Obama coloque em pauta o fim da obrigatoriedade de visto para brasileiros que viajam aos Estados Unidos.

    De acordo com Roger Dow, presidente da US Travel Association, quando a rejeição de vistos recua a menos de 5%, o país se habilita a entrar no Visa Waiver Program, que dispensa a necessidade de carimbo no passaporte.

    Em 2009, 890 mil brasileiros gastaram R$ 4,4 bilhões nos Estados Unidos, dando ao Brasil a 7ª posição no ranking dos maiores visitantes. No ano passado, o número de brasileiros saltou para 1,2 milhão. O fim da exigência do visto poderia gerar R$ 10,3 bilhões de receitas extras aos americanos, pelos cálculos da US Travel Association. Em tempos de crise, relatam os diplomatas, esse dinheiro é extremamente importante.

    Dentre outros acordos que serão assinados, um é especialmente importante para os cerca de 1 milhão de brasileiros que trabalham nos EUA. É que eles deverão ser beneficiados pelo acordo de cooperação na área de Previdência Social. Por esse programa, aquele que paga a Previdência nos EUA e resolver voltar para o Brasil, poderá resgatar o que pagou no território americano.

    Turismo no Rio
    No domingo (20), Obama terá uma dia mais à vontade, ainda mais porque estará na companhia da mulher, Michele, e das filhas Sasha, de 11 anos, e Malia, de 9 anos. Apesar de a programação ainda não estar fechada, espera-se que a família visite o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor e uma praia.

    Um dos programas que está definido é a visita a uma comunidade que conte com uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). É nesse local que Obama dará um tom mais popular à sua visita.

    A ideia, previamente acertada com o governo brasileiro, é de fazer propaganda para os eventos internacionais que virão por aí, como a Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, no Rio.

    Leia aqui.

    quarta-feira, 2 de março de 2011

    Dez empresas são escolhidas para encontro de Dilma e Obama

    Dez empresas brasileiras foram escolhidas para o encontro de cúpula entre a presidente Dilma Rousseff e seu colega dos EUA, Barack Obama.

    São as seguintes as empresas: Aracruz, Camargo Corrêa, Coteminas, Cutrale, Embraer, Gerdau, Odebrecht, Stefanini, Vale e Votorantim.

    O encontro dos CEOs dessas empresas com Dilma e Obama será em Brasília, no dia 19 deste mês, um sábado, na sede do Ministério das Relações Exteriores, o Palácio do Itamaraty.

    Antes, os altos executivos brasileiros terão um encontro entre si, num jantar no dia 18. Estarão também presentes 10 executivos de empresas dos EUA, entre outras, Citibank, Coca-Cola, GM, Intel e Motorola.

    Chama a atenção entre as empresas brasileiras a presença da Stefanini, que atua na área de TI (tecnologia da informação). É a menos conhecida entre as 10 convidadas.

    A coordenação do grupo brasileiro está por conta da Coteminas, comandada por Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente José Alencar.

    Nas discussões preparatórias para o evento, ontem (1.mar.2011) em Brasília, diplomatas manifestaram preocupação com uma possível retórica anti-China que pode dominar o encontro.

    A China é vista como a grande adversária comercial de empresas brasileiras e norte-americanas. Os diplomatas não querem que o encontro com os presidentes dos dois países se torne um muro de lamentações contra a concorrência asiática.

    A expectativa é que os empresários divulguem acordos de cooperação e investimentos em ambos os países. Também deve haver algum anúncio do Eximbank (agência dos EUA que financia o comércio internacional) para incentivar o comércio bilateral.

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