quarta-feira, 30 de março de 2011

Dono da Coteminas, Alencar ajudou Lula a superar resistência do empresariado

Do UOL Notícias Em São Paulo

José Alencar Gomes da Silva causou surpresa, à esquerda e à direita, ao aceitar a posição de vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, na campanha de 2002. O que parecia natural oito anos depois, quando o petista deixou o Palácio do Planalto e correu para visitar o amigo internado no hospital Sírio-Libanês, foi um movimento arriscado na época, com suspeição de lado a lado.






  • A dobradinha surgiu depois de uma articulação entre PT e PL, como um aceno ao empresariado de que a candidatura petista buscava diálogo e ampliação de sua base histórica, na faixa dos 30% cativos. Antes, o então senador pelo PL havia sido sondado pelo também candidato Ciro Gomes (na época no PPS) e pelo PSDB, que teria o ministro da Saúde, José Serra, como preferido para suceder Fernando Henrique Cardoso. Quando explodiu o escândalo do mensalão, sobraram suspeitas de que a aliança foi paga em dinheiro pelo PT.


Alencar seria uma espécie de "avalista" de Lula junto aos investidores --ideia reforçada com o lançamento da "Carta ao Povo Brasileiro", pelo petista, em junho de 2002, na qual ele reafirmou compromissos com a estabilidade econômica. Também pesou para a escolha do dono da Coteminas o fato de ser uma liderança de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. A história de vida sofrida, apesar dos milhões no banco, também serviram para associar as histórias do candidato a presidente com o seu vice.


O então senador cumpriu à risca seu papel durante a campanha. Já no governo, o nacionalista Alencar mostrou-se um defensor ferrenho da queda das taxas de juros --mas seus comentários não abalaram a política econômica ortodoxa do governo, então sob o comando do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.




Ironia do destino. Todo mundo fala que o Lula fez aliança comigo porque eu representava segurança e não risco, justamente para isso que se chama mercado. Hoje, dizem que eu sou o risco. Isso não é estranho?

Alencar, em 11 de setembro de 2005

Em 2004, Alencar assumiu o Ministério da Defesa, depois de atritos entre o então ministro, o embaixador José Viegas, e militares, por conta da ação destes durante a ditadura. Em 2005, defendeu o governo em meio às denúncias do esquema de pagamento a parlamentares em troca da apoio político no Congresso. Segundo ele, o presidente teria sido "vítima do despreparo" do PT.


Também em 2005, Alencar, católico, deixou o PL e filiou-se ao PMR (Partido Municipalista Renovador), ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Dois meses depois, o partido mudou seu nome para PRB (Partido Republicano Brasileiro).


Alencar renunciou ao Ministério da Defesa em março de 2006 para poder se candidatar à reeleição. Apesar de pressões do PSB e do PMDB, que também tentaram emplacar o vice, o mineiro voltou a fazer dobradinha com Lula.

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