quarta-feira, 8 de junho de 2011

Têxteis perdem US$ 30 milhões por ano

Medidas restritivas às exportações adotadas pela Argentina prejudicam SC
FLORIANÓPOLIS - Metade das perdas que a indústria têxtil brasileira deve sofrer neste ano, diante das medidas restritivas às exportações adotadas pela Argentina, serão registradas nos caixas de empresas catarinenses. Devido às restrições, indústrias do Estado deixam de faturar US$ 30 milhões por ano, de acordo com Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato das Indústrias de Têxteis de Blumenau (Sintex).

Em todo o país, as empresas devem perder US$ 60 milhões neste ano, caso o governo argentino continue com as medidas protecionistas, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). A Argentina é o principal destino das vendas externas do setor brasileiro. Ano passado, o país comprou US$ 400 milhões em mercadorias têxteis do Brasil.

O setor têxtil brasileiro calcula que as exportações para a Argentina diminuirão 15% neste ano, devido às medidas protecionistas adotadas pelo país vizinho. No Estado, as vendas para os hermanos no ano passado caíram 33,34% na comparação com 2007. Empresas trabalham com férias coletivas e rodízios de pessoal para frear a produção e evitar a dispensas.

Para completar o cenário desfavorável, o preço do algodão triplicou nos últimos 18 meses. O frio também demorou e as vendas não decolaram.

Mesmo com estes fatores desfavoráveis, o presidente do Sintex diz que não existe previsão de demissões. O custo para desligar um profissional é alto e a necessidade não está comprovada. Afirma que só haverá a ameaça se ficar estabelecido um novo patamar de consumo.

Ele conta que o setor mais afetado é o de cama, mesa e banho, por causa da dependência das exportações. Kuhn reclama ainda que, por causa das barreiras levantadas contra o Brasil, o mercado argentino acaba ocupado por outros países.

Na contramão, o parceiro de Mercosul nunca vendeu tanto para SC. Números da Federação das Indústrias de SC (Fiesc) mostram que, desde 2007 o Estado ampliou as compras em 225,56%. Até abril de 2011, a balança comercial inverteu e ficou negativa em US$ 8,5 milhões.

Empresários protestam contra postura diplomática

Os empresários catarinenses protestam contra a postura da diplomacia brasileira e pedem mais firmeza no tratamento com a Argentina. O presidente do Sintex explica que para ocorrer uma venda para uma país estrangeiro, o comprador pede ao governo local uma licença de importação. Ela pode ser automática ou não automática. Por integrar o Mercosul, a Argentina deveria conceder a automática, mas a regra não é respeitada. O outro modelo precisa ser entregue em 60 dias, mas muitas vezes é preciso o dobro de tempo.

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