segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Teka entra com pedido de recuperação judicial

Fabricante de artigos para cama, mesa e banho acumula dívidas de R$ 458 milhões

Considerada uma das maiores fabricantes de artigos para cama, mesa e banho da América Latina, a Teka anunciou na última sexta-feira, 26, que entrou com pedido de recuperação judicial, medida que busca viabilizar a sua reestruturação econômica e financeira. A dívida da empresa de Blumenau, hoje, soma R$ 458 milhões, valor que não considera os tributos. A Justiça deve aprovar o pedido nos próximos dias.

A recuperação judicial é um instrumento legal que impede a falência imediata de uma empresa. Ela proporciona a gestores uma oportunidade de apresentar maneiras de pagar suas dívidas a seus credores – no caso da Teka, são bancos, ex-funcionários e fornecedores.

Outras grandes empresas têxteis catarinenses seguiram pelo mesmo caminho recentemente, como a Renaux, a Buettner e a Schlösser. Todas elas, de alguma maneira, sofreram nos últimos anos com a valorização do Real – que reduziu as exportações – e com as crises do algodão e da economia européia.

Tragédia anunciada
A situação delicada da Teka não é nenhum segredo. A empresa encerra seu exercício anual no vermelho há 11 anos. Em 2011, a receita caiu 17,6% em relação a 2010, somando R$ 340 milhões. Com a crise, bancos passaram a restringir crédito. No fim de junho deste ano, o patrimônio líquido estava negativo em R$ 781 milhões.

Sem fôlego financeiro, a empresa precisou reduzir portfólio, fechar fábricas e cortar pessoal. No final de agosto, um grupo de cerca de 200 funcionários demitidos fez uma passeata no Centro de Blumenau reivindicando o pagamento de verbas rescisórias e seguro-desemprego. De acordo com o Sintrafite, sindicato que representa os trabalhadores do setor, as dívidas trabalhistas da Teka chegam a R$ 30 milhões.

Empresa e trabalhadores vinham negociando o pagamento da dívida, mas não houve consenso. O presidente da companhia, Marcelo Stewers, explica que a Teka estava pedindo um parcelamento mais longo do que o exigido pelo sindicato. A falta de acordo, segundo o executivo, foi o fator determinante para o pedido de recuperação judicial, já que a fabricante corria o risco de ter parte do faturamento penhorado pelo fato de os funcionários terem acionado a Justiça.

O futuro
Stewers assumiu a presidência da Teka há pouco mais de um mês. Substituiu Frederico Kuehnrich Neto, integrante da família que fundou a empresa – que oficialmente se chama Tecelagem Kuehnrich. Com o pedido de recuperação judicial, medidas estratégicas de reposicionamento das operações serão tomadas, entre elas a otimização da estrutura e capital e ampliação dos padrões de governança corporativa. A meta é retomar a gestão para o mercado, dando ênfase a unidades de negócios, marcas, produtos e novos canais de venda.

*Com informações de Valor Econômico e Francisco Fresard

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