quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Endividamento das famílias freia vendas a prazo no varejo, diz IBGE

RIO - A técnica de coordenação de serviços e comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Aleciana Gusmão, afirmou que o alto nível de endividamento das famílias registrado em agosto tem reflexo na decisão de compras de produtos no varejo que dependem de financiamentos.

Hoje, o IBGE informou em sua Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) que o volume de vendas no varejo brasileiro cresceu 0,3% em setembro, na comparação com agosto, já descontados os efeitos sazonais. Além disso, a Serasa divulgou pesquisa que mostra que a inadimplência do consumidor subiu 5% em outubro.

Segundo a especialista, móveis, microcomputadores, construção civil e veículos são os principais produtos que têm a demanda reduzida com o endividamento.

Aleciana destacou que a redução das vendas no varejo restrito em setembro em função do endividamento das famílias pode ser notado “principalmente” no grupo equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, que registrou queda de 9,2%, frente ao mês anterior.

“Essa queda se deve provavelmente ao endividamento das famílias, que em agosto atingiu o seu pico na série histórica segundo o Banco Central”. De acordo com o BC, o comprometimento da renda das famílias em agosto era de 22,4%. Ou seja, as famílias destinavam naquele mês, essa parcela de sua renda para pagamento de dívidas.

“Nos últimos meses a gente tem tido crescimento um pouco mais moderado [das vendas no varejo], comparado com o histórico da série”, disse Aleciana.

De acordo com a especialista do IBGE, o crescimento "moderado" de 0,3% das vendas no varejo restrito em setembro provavelmente foi influenciado pela antecipação das vendas de móveis e eletrodomésticos em agosto, quando estava marcado o fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), posteriormente prorrogado pelo governo.

Móveis e eletrodomésticos registraram queda no volume das vendas de 1,5%, frente ao mês anterior. Em agosto, o mesmo grupo havia apresentado alta de 1,1%, frente julho. O mesmo ocorreu com veículos, cujas vendas caíram 22,6%, depois de alta de 8% em agosto.

O aumento das vendas no varejo restrito só não foi menor devido à alta das vendas nos super e hipermercados, que apresentam crescimento apesar da inflação dos alimentos estar em nível elevado, segundo Aleciana.

(Marta Nogueira | Valor)

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