quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Bangladesh diz que incêndio em fábrica foi sabotagem

Funcionários do setor têxtil foram às ruas protestar contra morte de colegas

Trabalhadores do setor têxtil protestam contra morte de colegas (Andrew Biraj/Reuters)

 O governo de Bangladesh disse, nesta terça-feira, que o incêndio que matou mais de 100 funcionários de uma fábrica de tecidos foi um ato de sabotagem, informou a agência de notícias Reuters. O país decretou um dia de luto pelas vítimas. Os 3 milhões de trabalhadores da indústria têxtil foram dispensados do trabalho. Um funeral foi organizado para as vítimas que não puderam ser identificadas.

Pelo segundo dia seguido, trabalhadores fizeram protestos em Daca e no distrito industrial de Ashulia, onde ficam várias fábricas de tecidos, incluindo a que foi incendiada. Os manifestantes, a maioria integrante de grupos que defendem os direitos dos trabalhadores, exigiram saber a causa do incêndio e pediram punição para os responsáveis.

A polícia está em busca do dono da fábrica, que deverá ser ouvido sobre acusações de que o prédio não atendia as normas de segurança. O chefe de polícia da região de Daca, Habibur Rahman, disse que sobreviventes relataram que foram impedidos por gerentes de sair do prédio quando o alarme de incêndio soou.

“Esse incidente desastroso resultou da constante negligência em relação à segurança e ao bem-estar dos trabalhadores”, disse o diretor da Federação Nacional de Trabalhadores Têxteis, Amirul Haque Amin.

“Sempre que um acidente com fogo acontece, o governo faz uma investigação e as autoridades – incluindo os donos das fábricas – pagam alguma quantia e prometem melhorar os padrões de segurança e as condições para os trabalhadores. Mas eles nunca fazem nada”, criticou

Más condições - O pior incêndio industrial do país ocorreu no último sábado e deixou também mais de 150 feridos. O incêndio chamou a atenção para as condições de trabalho no país, onde o custo da mão de obra é baixo - alguns trabalhadores chegam a ganhar cerca de 37 dólares (77 reais) por mês. Grupos de direitos humanos pediram que as empresas do setor assinem um compromisso de segurança em relação a incêndios.

O ministro do Interior de Bangladesh, Mohiuddin Khan Alamgir, disse que uma investigação preliminar apontou que o incêndio foi criminoso. Ele prometeu levar os culpados à Justiça. “Nós concluímos que foi um ato de sabotagem. Estamos tentando descobrir quem são os sabotadores”, afirmou o ministro.

“Gostaríamos também de assegurar que nosso processo de produção vai continuar, sem limitações. Não vamos permitir nenhum obstáculo no caminho”, acrescentou.

Bangladesh tem cerca de 4.500 fábricas têxteis e é o segundo maior exportador mundial de roupas depois da China.

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