sábado, 16 de junho de 2012

Diminui procura por imóveis em Blumenau

Endividados, consumidores estão receosos em assumir financiamentos

Depois de praticamente três anos de bonança, o mercado imobiliário está retornando aos padrões de ritmo de venda que ocorriam antes da crise econômica de 2008. Após a facilitação do crédito e os incentivos do governo ao consumo, em 2012 o mercado desacelerou.

Com boa parte do orçamento doméstico comprometido, os consumidores estão mais cautelosos e exigentes com as novas aquisições. Para especialistas, a corrida pela compra de imóveis começou já com os dias contados, e eles findaram.

Em Blumenau e no Médio Vale as vendas de imóveis continuam ocorrendo, mas com menos força, avalia Soraia Vasselai, delegada regional de Blumenau do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de SC (Sindimóveis - SC). Soraia explica que a euforia vivida nos últimos três anos cessou. O que ocorre agora é que o patamar de vendas deve ficar próximo ao que se tinha até meados de 2008.

As construções e lançamentos não foram estancados, mas as construtoras estão buscando diferenciais nas novas obras, procurando nichos de mercado e tendo atenção a detalhes que podem comprometer a comercialização do empreendimento, como a vizinhança.

Outro fator que afeta o mercado regional é o fim do Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço (FGTS). Com o dinheiro liberado para várias cidades em 2008 e novamente em setembro de 2011, muita gente teve um acréscimo no orçamento que não esperava, aproveitou para dar entrada para a compra da casa própria e financiou o saldo, avalia Rogério Isnar Patrício, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Condomínios Residenciais e Comerciais de Blumenau e região (Secovi Blumenau).

Em 2010, com a procura por imóveis muito acima da média dos anos anteriores, os mais experientes desconfiaram de tanta bonança. Marcelo Silveira, diretor comercial da construtora Frechal, acredita que a procura provocada pelo incentivo ao consumo teve um fim basicamente eleitoral, baseado na economia artificialmente inflada. O desafio foi analisar o mercado e preparar-se para aguentar a ressaca prevista após a euforia. É o que ocorre agora. Apesar disso, a estratégia é continuar com lançamentos e manter a musculatura da empresa forte. Sobre o futuro próximo, não há certezas.

A mesma opinião é compartilha por José Airton Bendini, proprietário da imobiliária Habitação e responsável pelo departamento comercial da construtora Speranzini.  

Caixa registra crescimento nos financiamentos

A desaceleração do ritmo da economia que tem afetado, entre outros mercados, o de imóveis, não está sendo sentida no principal agenciador de financiamentos de imóveis do país, afirma o superintendente regional da Caixa Econômica Federal, Renato Scalabrin.

No Vale do Itajaí, de janeiro a 15 de maio, a Caixa teve contratados R$ 332,7 milhões em financiamentos habitacionais - incluindo compra de material de construção. O número é 46% maior em relação ao mesmo período do ano passado. Scalabrin avalia que três fatores estão influenciando o resultado. O principal é o fato das construtoras estarem abrindo mão do financiamento próprio para oferecer por meio da Caixa. Depois, as trocas de casas e apartamentos e as recentes aquisições pela Caixa de imóveis comerciais.

O superintendente reconhece que o mercado passa por mudanças e que as empresas precisam ter mais cautela ao lançar novos edifícios residenciais. Este ano, nacionalmente a Caixa pretende atingir R$ 96 bilhões em crédito imobiliário. O anúncio na semana passada do aumento de 30 para 35 anos para quitação de financiamento imobiliário faz parte da estratégia de avanço nesse mercado.

No departamento de Análise de Projetos da prefeitura de Blumenau, o volume de trabalho continua intenso em 2012.

- As construtoras estão avançando para as regiões da Velha e Itoupava Norte. Também ainda temos alguns projetos que precisaram de alterações após o novo Plano Diretor. E isso atrasou por causa da liminar da Justiça que suspendeu as análises por um tempo. Por isso acredito que ainda tenhamos uma certa demanda desses projetos, mas não muita coisa - explica Roger Danilo Schreiber, Diretor de Análise de Projetos da prefeitura de Blumenau.

Entre janeiro e maio a prefeitura de Blumenau autorizou a construção de 128 novos prédios residenciais. Em todo o ano passado foram liberados 348 edifícios para moradia.

JORNAL DE SANTA CATARINA

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