quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Têxteis e calçados oscilam entre estabilidade e leve retomada

Depois da desaceleração das vendas registrada em outubro e novembro pela indústria calçadista, o mês de dezembro oscila entre a estabilidade e uma leve recuperação. Agora, a expectativa das empresas, que começam a entrar em férias coletivas, está voltada para o início de 2013, o que acontece também com o setor têxtil.

"A sinalização é boa", afirma o presidente da Piccadilly, Paulo Grings. A empresa já tem cerca de 300 mil pares encomendados para exportação e 100 mil para o mercado interno para janeiro e fevereiro, aproximadamente o dobro do volume de pedidos registrado na mesma época, em 2011.



Segundo Grings, as vendas vinham "ótimas" até a primeira quinzena de outubro, mas "travaram" a partir de então, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Mesmo assim, a Piccadilly confiou na recuperação e aumentou a produção em novembro. A aposta deu certo e as encomendas para dezembro cresceram 5% em comparação com o mesmo mês do ano passado.

O empresário atribui a reação das vendas ao mercado interno, já que a participação das exportações vai fechar o ano em 25% da produção total da Piccadilly, que deve passar de 8,7 milhões para 9,1 milhões de pares, entre 2011 e 2012. No ano passado, o mercado externo absorveu 30% dos volumes fabricados pela empresa.

Na Bibi, dezembro vai fechar empatado com o mesmo mês de 2011, tanto em receita quanto em volume, diz o diretor administrativo e financeiro, Rosnei Alfredo da Silva. De acordo com ele, o faturamento no acumulado de 2012 será 6% maior do que os R$ 126 milhões registrados no ano passado, graças à "gordura" acumulada principalmente até outubro.

Ao contrário da Piccadilly, na Bibi o mercado externo saiu-se melhor neste ano. Segundo Silva, enquanto a produção total de 2012 será igual aos 3,2 milhões de pares de 2011, os embarques vão crescer 15%, com destaque para mercados como Peru e México. Para o ano que vem, a expectativa da empresa é que as vendas ao exterior aumentem novamente 15%.

A avaliação do diretor é que, no mercado interno, os lojistas estão chegando ao fim do ano com os estoques relativamente altos. Além disso, boa parte dos consumidores está com a renda comprometida com o pagamento de serviços e de parcelamentos de bens duráveis,como eletroeletrônicos e automóveis.

Carlos Alexandre Döhler, diretor comercial da Döhler, empresa de cama, mesa e banho sediada em Joinville (SC), diz, sem revelar valores, que os últimos meses do ano foram de boas encomendas e que o volume cresceu em relação ao mesmo período do ano anterior. Para janeiro de 2013, por enquanto, as encomendas são menores do que a empresa tinha em programação para janeiro de 2012.

"Conversando com clientes, percebo que a expectativa de vendas do varejo para este fim de ano era pouco maior do que está ocorrendo. O varejo esperava mais, comprou da indústria esperando mais. Não significa que as vendas não possam aumentar nos próximos dias, porque já vimos isso no passado. Mas, talvez, as projeções tenham sido boas demais", diz o diretor comercial da empresa.

Para o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, o desempenho das empresas no mercado interno neste ano foi comprometido pelo "esgotamento" do poder de consumo da população, depois de três anos de crescimento das vendas no varejo. Outro fator é a concorrência dos importados, que avançaram 2,8% em volume e 15,6% em valor, de janeiro a novembro diante de igual período de 2011, para 33,5 milhões de pares e US$ 473,7 milhões, respectivamente.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex), Ulrich Kuhn, disse que as encomendas do varejo na indústria têxtil neste fim de ano foram menos aquecidas do que em igual período do ano anterior. Ele não citou números, mas observou um comportamento mais cauteloso. "O varejista foi mais realista neste fim de 2012 do que no fim de 2011, quando comprou muito mais da indústria do que o mercado consumiu."

Para Kuhn, as vendas têxteis no varejo para o Natal deste ano devem também fechar com número contidos: serão iguais ou levemente superiores a 2011. Segundo ele, o consumidor preferiu, nos últimos meses, comprar produtos com Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido, como carros e itens da linha branca, reduzindo a compra de produtos têxteis.

O setor industrial têxtil deve encerrar o ano sem crescimento em relação a 2011 ou com pouco crescimento, diz o presidente do Sintex. A cautela do varejo em encomendas para a indústria deve permanecer no início de 2013. "Ainda não há muito entusiasmo. Não dá para esperar grandes milagres para o ano que vem."

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