quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

As cidades de Santa Catarina crescem acima da média registrada no país

Números apresentados pelo IBGE revelam de que forma as riquezas produzidas em SC dependem cada vez menos da Capital

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios catarinenses em 2010 superou a média entre as cidades do país no ano de ouro para a economia nacional. E o maior destaque no Estado ficou com Joinville, que galgou nove degraus e assumiu a 25ª posição entre as cidades que mais geram riquezas no país.

Há apenas dois anos, o PIB brasileiro cresceu 16,4%, chegando à soma de R$ 3,77 trilhões. Descontada a variação de preços, o chamado PIB real, o crescimento foi de 7,5%, o maior avanço desde 1986. SC conseguiu um desempenho ainda melhor: gerou R$ 152,5 bilhões em riquezas, um aumento nominal (sem descontar a inflação) de 17,5%. Acima da soma dos municípios dos estados vizinhos do Paraná (+14,4%) e do RS (+17%).

Os dados apurados pelo IBGE e divulgados ontem também apontam que a riqueza de SC depende cada vez menos de Florianópolis. Segundo o instituto, os estados das regiões Norte e Nordeste são os que mostram maior dependência de suas capitais, enquanto SC é o ente da federação mais autônomo em relação à Florianópolis.

De acordo com o levantamento, 25,2% da população do Estado está concentrada em cinco cidades (Joinville, Itajaí, Florianópolis, Blumenau e Jaraguá do Sul) que, juntas, detêm 37,9% do PIB catarinense.

O ranking das 10 cidades mais importantes para a economia catarinense permaneceu o mesmo em relação a 2009, com apenas uma mudança de posição: São José passou a ser o sexto município com a maior contribuição para o PIB estadual.

A grande revelação ficou com Joinville, que somou um PIB de R$ 18,4 bilhões, um crescimento nominal de 38,4% em relação a 2009. Além de Joinville, outras três cidades de SC aparecem no ranking das cem que mais geram riquezas no país.

Tendência é de que o interior continue crescendo mais
A vocação portuária de Itajaí garantiu que a cidade permanecesse na segunda colocação do ranking, e Florianópolis aparece na terceira colocação. O economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Robson Gonçalves, pondera que o crescimento menor de Florianópolis mostra que a cidade tende a se focar como um centro administrativo do Estado, enquanto as cidades do interior catarinense expandem suas economias.

— Os polos econômicos mais dinâmicos de SC estão no interior, o que é incomum no Brasil. Observando o Estado, percebe-se que há uma tendência de que a economia continue a crescer de forma interiorizada e muito mais forte em cidades distantes da Capital — diz o especialista.

O total de cidades de SC que teve crescimento entre os dois anos da pesquisa chega a 224, contra 69 municípios que apresentaram resultado negativo — o que significa que 76,4% das 293 cidades constituídas no Estado em 2010 apresentaram melhora. O crescimento mais expressivo foi conquistado por Treviso, no Sul de SC.

— Investimos desde 2005 em infraestrutura viária e no planejamento habitacional. Agora estamos trabalhando na atração de novas empresas. A abertura de uma nova mineradora, a Rio Deserto, entre 2009 e 2010, gerou 150 novos empregos diretos e outros 650 indiretos — explica o secretário de Planejamento de Treviso, Ernany Moreti.

Exceção entre as capitais
SC é uma exceção no Brasil. De acordo com o IBGE, o Estado é o único do país em que a Capital não lidera o ranking dos municípios que mais geram riquezas. O crescimento no PIB de Florianópolis, que chegou a R$ 9,8 bilhões em 2010, foi de 18,3% em um ano (sem descontar a variação dos preços), pouco acima da média estadual, mas muito distante das líderes em crescimento das principais regiões do Estado.

Na avaliação do professor da FGV, Robson Gonçalves, as pesquisas econômicas dos próximos anos devem evidenciar a diferença entre o que é produzido em Florianópolis e a realidade das demais cidades, sobretudo as que estão mais no interior de SC.

— A Capital catarinense tende a continuar crescendo cada vez menos e deixando de acompanhar o ritmo do Estado. A situação até pode ser revertida, desde que haja novos investimentos nos setores de vocação, como o turismo — explica Gonçalves.

Segundo o professor da FGV, Florianópolis é escolhida, cada vez mais, como segunda residência de empresários. No entanto, a produção de riquezas se mantém nas cidades em que foram instaladas as indústrias e comércios em que estes executivos atuam.

Na Grande Florianópolis, São José ampliou suas riquezas mais do que Chapecó e conquistou o 6º lugar entre os maiores PIBs no Estado, posição que era da cidade no Oeste.

DIÁRIO CATARINENSE
Danilo Duarte  |  danilo.duarte@diario.com.br

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